Cinema

Cinema globalizado: três indicados ao Oscar estreiam, de uma só vez

Três candidatos ao Oscar de melhor filme internacional chegam às telas da capital: um japonês, um alemão e um italiano

Quando o assunto é Oscar de melhor filme internacional, os torcedores brasileiros sentem o calafrio de quem viu, em 1999, o excelente Central do Brasil bater na trave pela disputa da famosa estatueta. De fora da disputa, em 2024, cabe a todos escolher o favorito entre os cinco finalistas, na conjuntura em que três deles entram, simultaneamente, nas salas do Brasil. A sala dos professores, Dias perfeitos e Eu, capitão ficam assim perto da apreciação dos cinéfilos.

Atrás apenas da França, no número de indicações (são 30), ao longo de 96 edições do prêmio; mas recordista vencedora de 11 prêmios na categoria, a Itália — que já foi "carrasca" do Brasil, com a vitória de A vida é bela — chega ao Oscar com a presença destacada de Eu, capitão. Consagrado com 12 prêmios no Festival de Veneza, o filme estrelado por Seydou Sarr e Moustapha Fall trata de xenofobia e de responsabilidade mundial diante de crises humanitárias. Nascido na terra do recorrente vencedor de prêmios Oscar Federico Fellini, o diretor Matteo Garrone, de filmes como Gomorra (2008) e Pinóquio (2019), é quem assina Eu,capitão. Na luta pela sobrevivência, os personagens Seydou e Moussa são senegaleses que seguem viagem rumo à Europa.

Neste ano, quando a produção Zona de interesse se tornou a nona a competir pelos Oscar de filme (na qual apenas o estrangeiro Parasita venceu) e filme internacional, a Alemanha baliza a concorrência, com o longa A sala dos professores. O filme tem direção de Ilker Çatak e toda a trama gira em torno de suspeitos que agem dentro de um esquema de roubo dentro de uma escola. A professora Carla (Leonie Benesch), perturbada pelos acontecimentos, pretende agir sozinha, numa investigação que esbarra na mãe do aluno Oskas (Leonard Stetnisch). Depois da reunificação alemã (em 1990), o país venceu o Oscar em três ocasiões (Lugar nenhum na África, A vida dos outros e Nada de novo no front) — anteriormente, foi consagrado, em 1979, por O tambor.

Quatro décadas depois da projeção do fenômeno alemão Das Boot (Wolfgang Petersen) concorrer em seis categorias centrais do Oscar, outro germânico faz história: Wim Wenders que compete representando o Japão, com o longa Dias perfeitos. Se a história do Japão com o Oscar é antiga — valendo lembrar das estatuetas honorárias para Samurai I, O portão do inferno e Rashomon; com Wim Wenders não é diferente: como documentarista, ele competiu por Buena Vista Social Club (1999), Pina (2011) e O sal da terra (2015), este codirigido por Juliano Ribeiro Salgado (filho do assunto do filme: o renomado fotógrafo Sebastião Salgado).

Agora, é com filme de ficção que Wim Wenders foi destacado para a estatueta dourada: Dias perfeitos, estrelado por Koji Yakusho (vencedor do prêmio de ator, no Festival de Cannes), tem narrativa abrigada em Tóquio, e é centrado pelo personagem Hirayama, que tem um passado misterioso, e parece buscar conforto, já vivendo como faxineiro de banheiros, no contato com a música, a literatura e as artes gráficas. Oficialmente, se vencer o Oscar, será a terceira produção nipônica na lista, depois de Drive my car (2021) e A partida (2008).

 

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