É sobre objetos, lembranças e referências que povoam o universo afetivo das pessoas que Amara Hurtado, Mariana Baeta e Jirlene Pascoal falam no espetáculo Trilogia dos afetos, em cartaz sábado (17/2) e domingo (18/2) na Praça Zumbi dos Palmares e na Torre de TV, respectivamente. As atrizes integram a companhia As caixeiras, única do DF a trabalhar com o teatro lambe lambe, uma modalidade que toma emprestado o modelo de fotografia no qual a máquina é coberta com um pano preto para criar espetáculos em caixas que podem ser vistos por uma única pessoa de cada vez. Todas as apresentações são gratuitas, realizadas em praças públicas e acessíveis a todas as idades.
Criado e dirigido pela catarinense Jô Furnari, Trilogia dos afetos é dividido em três partes — Quinina, Lapso e A partida —, cada uma nascida de histórias pessoais das integrantes do grupo.
Quinina é o apelido de infância de Amaro Hurtado, que nasceu no Chile e veio para o Brasil aos 5 anos, com a família, em fuga da ditadura de Augusto Pinochet. A atriz utiliza objetos que lembram a casa da avó e músicas de quando era criança. O drama da ditadura se junta às novas memórias cultivadas em Brasília e resulta num espetáculo que reflete sobre a dualidade de identidades.
Assinado por Jirlene, A partida é fruto das lembranças e saudades de um pai cuja morte foi devastadora. A atriz se lembra de ajudar o pai a se barbear e daí vem toda a poética do espetáculo, criado com base em objetos como a espuma e o espelhinho. Em Lapso, Mariana propõe uma viagem no tempo em uma pequena apresentação de três minutos na qual convida o público a pensar sobre a dinâmica do lambe lambe. "Quando você assiste a um teatro lambe lambe é como se o tempo parasse, então faço um meta teatro, como se fosse uma viagem no tempo. Em três minutos, se pode viver muita coisa", avisa.
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