As paisagens criadas por André Felipe Cardoso são também uma forma de resgate das próprias origens. A exposição A grande atalaia, que tem abertura marcada para este sábado (3/2), às 11h, na Galeria Index, traz obras criadas a partir de uma busca identitária que reúne materiais e narrativas resgatados do ambiente que sempre cercou a vida do artista.
Remanescente de uma comunidade quilombola, criado no meio rural próximo a Minaçu e Cavalcanti, André Felipe apresenta um conjunto de 35 obras construídas com cestarias, cerâmica, madeira, colagem e, principalmente, apropriação de imagens. "Me aproprio de imagens para criar narrativas de um passado e de um entorno que me rodeia. Vou batendo muito nessa tecla de utilizar imagens prontas para criar narrativas que perpassam minha caminhada pelos lugares", avisa o artista.
André Felipe se declara como um "artista de apropriação". A coleta de materiais e objetos que servem de base aos trabalhos, assim como os gestos e narrativas ali impressos, são influenciados pelo entorno do artista e pelas interações do ambiente no qual reside. André Felipe mora em uma comunidade quilombola em Goiás Velho localizada em um ponto alto da cidade conhecido como Morro das Lajes. De lá, ele observa a dinâmica da cidade com um olhar que também acaba por imprimir nas paisagens. "A grande Atalaia vem dessa grande observação do lugar, dessa passagem pelos lugares", avisa o artista, que soma nessa conta várias residências realizadas em cidades como Goiânia, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
O artista explica que os trabalhos são também um processo de busca para compreender a própria ancestralidade e o percurso artístico escolhido. A exposição, ele explica, é o fechamento de um ciclo. "É uma edição de tudo que produzi nos últimos tempos e das coisas que me interessa pesquisar neste momento", diz. Dessa pesquisa, além da ancestralidade, fazem parte também questões técnicas como a escolha do suporte e da linguagem.
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