Makeda é uma menina predestinada. Ela será rainha, mas precisa aprender a própria história antes de subir ao trono. É com o trisavô, dentro de uma tenda mágica, que a garota ouve as histórias ancestrais do próprio povo e descobre o caminho que a levará a se tornar uma bela majestade. Dirigido e criado por Allex Miranda e em cartaz até 4 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o musical Makeda — A rainha da arábia feliz traz uma narrativa ancorada na celebração da riqueza da diversidade.
Com texto do próprio diretor, a peça conduz a protagonista pela história de grandes rainhas por meio da Trilogia da arábias. Ali estão os modelos que levarão Makeda a se tornar a Rainha de Sabá. A menina viaja ao passado acompanhada do tataravô para conhecer de perto a história de mulheres pretas poderosas que ocuparam posições de liderança. "Essa menina é uma princesa, mas como não tem referência de outras mulheres como ela, tem medo de assumir seu lugar. Quando você não vê pessoas iguais a você em certos postos, acha que não é possível. Então ela aprende sobre esses lugares", explica o diretor.
A dramaturgia de Miranda é toda baseada nas culturas africanas ancestrais, e a intenção é colocar em primeiro plano o que o diretor chama de arquétipos positivos que possam ser protagonistas no imaginário coletivo. "Makeda tem uma compilação de três grandes rainhas e é sobre a valorização da nossa história enquanto reis e rainhas. Cada personagem dessas foi estudada na base de arquétipos dessa sombra que precisamos olhar, mas com cuidado, sem nos ferir", avisa o diretor. "A ideia é olhar para esse lugar do passado sem anacronismos e tentar criar novos passados para que tenhamos referências outras e não só do que os outros escrevem sobre a nossa história." Todo o espetáculo é escrito e prosa e em versos, com muita sonoridade musical e inspiração em William Shakespeare, Chico Buarque e Gil Vicente.