O descompromisso e a leveza de uma liberdade se encaminham para a construção de uma narrativa genérica para a jovial banda de Guarulhos que tanto fez barulho em meados dos anos de 1990. Num roteiro raso (de Carlos Lombardi), o diretor de produções pouco encantadas como Apocalipse; Bela, a feia e Malhação, Edson Spinello, deposita as fichas na superficialidade, à frente do longa que examina (sob lupa arranhada) os passos iniciais da banda Utopia que, desviada da proposta, criou verdadeiros hinos do pop como Vira-vira, Robocop gay e Pelados em Santos.
Pontuada por momentos de carisma, a interpretação de Ruy Brissac, no papel de Dinho, supera o convencional. A montagem de Rodrigo Daniel Melo peca por não abortar tentativas incoerentes de dar um quê de consistência para embates entre os personagens de Rhener Freitas e Adriano Torres, respectivamente, Sérgio e Samuel.
Além de apresentar personagens femininas bastante mal-desenhadas, o longa se detém, sem cerimônias, na imagem de Enrico (Ton Prado), um esboço do produtor (na vida real) Rick Bonadio. Com aspecto de quadro de tevê, o filme é composto de elementos que liquidam a boa dramaturgia, e fulminam uma potente proposta inicial, encerrada, abruptamente, em sobressaltos, pesadelos e presságios. Para o bem, a icônica sonoridade dos rapazes se vê intacta — fora das telas.
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