Artes visuais

Galeria Index recebe coletiva de 15 artistas do DF nesta sexta

Exposição na Index Galeria reúne obra de 14 mulheres e uma artista não binária que refletem sobre questões contemporâneas

Discussões de gênero, mudanças climáticas, apagamento das mulheres e a necessidade de dar espaço a vozes nem sempre ouvidas orientaram a curadoria de Íris Helena na seleção das artistas de Ruído, Ruína e Apoteose. Em cartaz na Index Galeria, a exposição reúne 15 artistas e 30 obras que tratam de temas contemporâneos por meio de experiências e leituras pessoais. "É minha primeira curadoria e vi nessa oportunidade uma forma de falar sobre coisas que considero urgentes. Somos pessoas que questionam gênero, patriarcado, pessoas que estão diante de uma crise climática, todos artistas, então é a oportunidade de ouvir o que a gente fala sobre uma ideia de renovação pela arte, pela cultura, pela beleza, pelo grotesco e pelo que a gente tem a dizer", explica.

Com linguagens distintas e variados suportes, as 14 mulheres e uma artista não binária percorrem um percurso que vai do sonho à realidade ao falar do planeta, mas também de gênero, discriminação, violências e diferenças. "Tudo foi se amarrando de uma forma meio apoteótica, por isso o nome da exposição. São muitas vozes diferentes, mas que falam a mesma coisa, clamam por uma mudança de ótica", avisa a curadora. Segundo ela, a exposição está desenhada para começar com a ideia de uma natureza bonita, cuidada e desejada. Ao longo do percurso na galeria, no entanto, as modificações criam novas e catastróficas perspectivas.

Bruna Sperling dá o tom desse início com um céu estrelado apaziguador e vem seguida da planta carnívora de Fernanda Azou. Nina Maia esgarça a paisagem até a destruição e as borrachas de Cecília Mori lembram a brutalidade do mundo. "Não existe essa coisa de um trabalho feminino que é fofo e agradável", avisa a curadora. As esculturas de Waleska Reuter carregam uma crítica pesada ao capitalismo antes de introduzir o visitante ao que ìris Helena chama de ruído. "Ruído e ecos de tecnologia dessa situação em que a gente vive, de fake news, de ditos não ditos, de rapidez de informação", diz. Pinturas e outras obras apontam para a obsolescência das máquinas e para o apagamento feminino.

A máquina de resolver conflitos de Denise Alves-Rodrigues, os vídeos sobre gênero da dupla G&H, da qual faz parte Gal Cipreste, artista não binária, e as pinturas com chamas de Ludmilla Alves completam o percurso, que tem ainda obras de Pamella Anderson, Janet Vollebregt, Azul Rodrigues, Gisel Carriconde e da própria Íris Helena. "É como se fosse uma crosta terrestre preparando a ebulição, que é essa ideia de transformação com essas vozes que a gente quer ver como vetores de mudança, mais vozes femininas, sem amarras, menos patriarcado, menos machismo", avisa a curadora.

 


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