Artes cênicas

Espetáculo de teatro propõe uma pausa para refletir sobre a vida

Espetáculo que mistura dança e teatro reflete sobre o tempo da pausa e traz para o palco conceitos filosóficos mesclados a música, movimento e texto

O diretor e dramaturgo Paulo Emílio Azevedo começou a escrever Vírgula opus nº 1 no final de 2019, mas apenas no ano passado o espetáculo tomou a forma que os brasilienses poderão conferir neste sábado (9/12) e no domingo (10/12), no Teatro Galpão Hugo Rodas. Resultado de uma mescla de dança e teatro, Vírgula é também uma reflexão sobre pausas e suspensões.

O espetáculo da Cia. Gente faz parte de um ciclo criativo iniciado pelo dramaturgo em 2019 e que agora chega ao fim sob o título de Pausa. "Comecei a questionar o que seria uma pausa no movimento. Vírgula nasce, primeiramente, por causa da pausa. A gente aprende que pausa, no texto, é uma vírgula. E comecei a refletir o que seria essa vírgula. A colocação da vírgula em diferentes lugares faz com que a gente ouça de forma diferente", diz o dramaturgo. "Um dos sentidos filosóficos da pausa é quebrar a correria, construir uma resistência à correria, e não tinha nada mais eloquente que a pausa forçada da pandemia. E entendi que o assunto poderia render para vários outros formatos."

No palco, nove personagens assumem as rédeas da história em uma combinação de movimentos e textos que se completam e andam juntos. Paulo conta que partiu de uma perspectiva dantesca ao se inspirar nos nove círculos do inferno da Divina comédia, mas que não tem a pretensão de fazer qualquer releitura da obra. "Foi como uma referência espacial", explica.

Os textos não chegam a oferecer narrativas. São textos performáticos que influenciam a construção do movimento. "Trabalho muito com corpo e palavra. Utilizo essas duas potências o tempo todo. O texto surge quando acho que o movimento não tem força suficiente ou o movimento surge quando acho que o texto precisa ser corroborado", explica Paulo, que também trabalhou com o conceito filosófico de rizomas para criar vários enunciados no palco e deslocar o centro tradicional do discurso e da dramaturgia. "Outros centros de enunciado permitem que outras vozes e corpos sejam reconhecidos como potências. É um espetáculo em que os centros vão sendo deslocados", diz o dramaturgo, que também realiza, neste fim de semana, a série de oficinas Corpo Memória.

Serviço

Vírgula
Direção: Paulo Emílio Azevedo. Amanhã, às 20h, e domingo, às 19h, no Teatro Galpão Hugo Rodas (Espaço Cultural Renato Russo — 508 sul, Bloco A). Ingressos: R$ 20 e R$ 10,00 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos

 


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