Quando começou a interpretar Júlio César, um jovem que cogita o suicídio, o ator Mateus Carrieri achou que subiria ao palco apenas para cinco sessões. A peça acompanhava palestras de Augusto Cury e tratava de temática desenvolvida pelo psiquiatra em livros e estudos. "De repente, foi um grande sucesso, antes da pandemia, e, depois da pandemia, voltou com tudo. As pessoas ficaram ainda mais interessadas num tema como esse", explica o ator, que desembarca em Brasília com O vendedor de sonhos, em cartaz no Teatro Royal Tulip neste sábado (2/12) e domingo (3/12).
Júlio César pensa em dar cabo da própria vida, mas uma série de personagens e encontros acabam por mostrar caminhos que levam o protagonista a entender que não está sozinho. "A peça trata de temas bem difíceis, como o suicídio, as doenças mentais, que são as doenças do século, pânico, ansiedade, depressão. Mas o Augusto tem uma leveza e um bom humor para que a gente consiga contar essa história sem que ela fique pesada demais", explica Carrieri.
A obra é adaptação de livro homônimo de Cury e está em cartaz há cinco anos. Essa é a terceira vez que o elenco traz o espetáculo a Brasília. No palco, Carrieri tem a companhia de Milton Levy, que interpreta um andarilho responsável por oferecer a Júlio César uma vírgula, sinal gráfico que vai mudar a maneira de o personagem ver o mundo. "A vírgula representa a possibilidade de seguir em frente. A partir dessa vírgula, a gente consegue escrever novos capítulos. Um ponto final seria muito drástico, radical", explica Carrieri que, no palco, tem a companhia de Adriano Merlini, Fernanda Mariano e Bruno Sperança, todos sob a direção de Guilherme Carrasco. "Os problemas vão continuar acontecendo e seguir em frente é o grande ensinamento, faz parte dos grandes gatilhos positivos que o Augusto nos ensina nos livros."
Na figura do andarilho, o vendedor de sonhos surge para tirar Julio César de um momento difícil, mas também para lembrar que as situações de adoecimento mental precisam ser acompanhadas e tratadas. "Hoje, a maioria das pessoas têm em si ou na família ou na roda de amigos alguém que tem um problema desses. E consegue tratar esses temas de maneira que a pessoa se sinta esperançosa e otimista. Então a peça tem quase uma função terapêutica", acredita Mateus Carrieri.