Crítica

A liberdade promete ser a maior vitória, na nova saga de Jogos vorazes

Quinto filme da adaptação da distopia de Suzanne Collins chega aos cinemas sob grande expectativa de público para uma franquia persistente desde 2012

Jogos vorazes - A Cantiga dos pássaros e das serpentes: amor e ódio se aproximam -  (crédito:  Paris Filmes/Divulgação)
Jogos vorazes - A Cantiga dos pássaros e das serpentes: amor e ódio se aproximam - (crédito: Paris Filmes/Divulgação)
postado em 17/11/2023 07:50 / atualizado em 17/11/2023 07:51

Crítica // Jogos vorazes: A cantiga dos pássaros e das serpentes  ####

O conteúdo do mais novo capítulo de Jogos Vorazes traz conspirações e absoluta falta de empatia. O longa segue conduzido pelo criador dos capítulos de sucesso da franquia que teve Jennifer Lawrence como grande emblema: o diretor Francis Lawrence (que provou entendimento de suspense e ação em filmes como Operação Red Sparrow e Eu sou a lenda) e, junto dele, roteiristas de ouro, entre os quais Michael Arndt, de Star Wars — O despertar da Força (2015).

Coriolanus Snow (Tom Blyth, com uma vibração à la Peter O'Toole) não é das tarefas mais fáceis. Também um desafio foi ver escalada Rachel Zegler (sofrível, no remake de Amor, sublime amor), mas que, agora, brilha com intensidade à frente da personagem Lucy Gray.

A química entre Lucy e Snow é a chave para o êxito do filme. Tudo começa com a possibilidade de um prêmio, em nível acadêmico, que tangencia as mãos de Snow. Ao invés do louvor, porém, vem a provação: ele, na condição de mentor, terá Lucy como tributo (uma espécie de pupilo). Num momento que parece extraído do musical Os Miseráveis, em que os jogos do título — que castigam regiões rebeldes com uma exposição pública —, Lucy dá provas de sua singularidade. Enraivecida, no programa com quê de Big Brother, ela apresenta um vigor inesperado. Um ambiente operante no filme é perturbador, nos chamados "dias escuros" da saga, no qual pessoas sofrem e morrem de fome.

O novo Jogos vorazes não é sobre sucesso, mas versa sobre os bastidores da feitura de um espetáculo. Intermediando a arena, que terá apenas um vencedor, Viola Davis abraça o papel da exótica Volumnia Gaul, representante do Departamento de Guerra. Entre subversões de regras do jogo que incluem até bofetão na protagonista, há apresentação de tipos bem construídos, entre os quais Clemensia Dovecote (Ashley Liao), uma impostora em termos de criatividade; Sejanus (Josh Andrés Rivera), um personagem caridoso; Tigris (Hunter Shafer), sempre preocupada com Snow e os determinados Lamina (Irene Böhm) e Jessup (Nick Benson).

Simultânea à definição de estratégias dos jogos, há a chegada dos participantes na jaula de um zoológico. Tudo acompanhado de perto pelo apresentador do programa Lucky Flickerman, papel do escolado Jason Schwartman. Pouco a pouco, o mote do longa se apresenta como uma atualização dos clássicos filmes de guerra. "Confiança é tudo", chega a definir Snow, em uma das cenas. Mas o percurso do imaginativo filme ganha força com uso de drones, aspectos de traição e de atentados. Na contramão de tanto ódio que alimenta a trajetória do futuro (e detestável) presidente de Panem, surpreende a desenvoltura cênica de Lucy Gray, capaz de entreter, com límpido canto, dentro de uma taberna. É a porção folk que traz, além da exuberância da natureza, ambiente em que ecoa a qualidade de filmes como Hair e afins.

 

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