Não é pelas comédias Apaixonados: o filme e Se puder... dirija! (primeiro longa em 3D nacional, do qual foi roteirista), que o diretor Paulo Fontenelle se destaca, até agora, no percurso. A linguagem popular empregada na comédia O porteiro, bastante sintonizada com o público a quem se dirige, entrega um novo caminho. A favor do jogo e com familiaridade plena junto ao universo do protagonista Waldisney, é pelo extremado carisma, com um quê de Paulo Gustavo, que o comediante Alexandre Lino conquista.
Entre piadas que poderiam beirar o constrangimento, o timing de Lino é pra lá de adequado. Primeira barreira, no entra e sai do edifício Clímax, o porteiro Waldisney, vindo da Paraíba, enfrenta contratempos e agressividade incapazes de o abalarem. Desde um humor ingênuo até situações que mesclam sexo e escatologia, o domínio de cena de Alexandre Lino qualificam aspectos cômicos.
É Waldisdney quem relata uma trama tortuosa, para o delegado interpretado por Maurício Manfrini, na qual passa a ser visto como autor de assédio e tráfico, entre outros crimes. A demissão é uma possibilidade, aos olhos do síndico Astolfo, interpretado por Bruno Ferrari. Simplório (no mais naïf dos sentidos), o personagem central contrasta com a invocada esposa Laurizete (Daniela Fontan), com presença complementar a das divertidas coadjuvantes Rosivalda (Cacau Protásio), transbordante em olhares insinuantes, e Dona Alzira (Suely Franco), um receptáculo incessante de maconha.
Entre situações de elevador enguiçado e nada promissoras, reunião de condomínio, o filme atinge o coração dos espectadores, com o uso de clássicos da eterna Marília Mendonça, entre as quais Alô, porteiro e Meu cupido é gari. Saídas do cotidiano, são hilárias as apropriações de expressões como "nervoso psicológico", "morder a fronha" e caixa preta. Riso frouxo e certeiro.