O piso rachado do campo de concentração de Auschwitz ganha significados sutis a partir do olhar de Helena Lopes. Radicada em Brasília, a artista plástica explora as possibilidades oferecidas pela manipulação digital na exposição Do chão para o chão, fruto das fotografias que produziu durante sua ida à Polônia, em 2019. Inaugurada ontem, a mostra está em cartaz no Museu Nacional da República, com visitas de terças a domingos, até 19 de novembro.
O interesse pelas fendas que partem o chão dos locais de extermínio surgiu por acaso, em meio a uma visita ao Museu Estadual de Auschwitz-Birkenau. "Sem querer, olhei para baixo e vi o chão estupendo, não restaurado e os buracos preenchidos com o cimento", recorda a artista em nota. "O chão é todo rachado, como se estivesse querendo se abrir para respirar outro ar. A energia sai daquele lugar e, assim, vai criando desenhos e mais."
Filha de uma polonesa, Helena Lopes também se valeu das experimentações da mostra para se reconectar com as raízes familiares e imaginar novas imagens, narrativas e personagens em meio às sombras da crueldade posta em prática naquele lugar. Os manuscritos reflexivos que escreveu ao longo da viagem complementam a experiência visual.
Originalmente adepta da gravura em metal, a artista, com mais de 40 anos de carreira, agora trabalha nessa mostra com imagens digitais, impressões em fine art, vídeo projeção e textos. A curadoria ficou por conta da pesquisadora Renata Azambuja.
Serviço
Do chão para o chão
Galeria 2 do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Visitas de terças a domingos, de 9h às 18h30, até 19 de novembro. Entrada gratuita. Livre para todos os públicos.
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