Crítica

Confira a crítica do filme sobre o produtor do Kiss e de Donna Summer

Dirigido pelo filho do produtor musical Neil Bogart, A era de ouro alterna a vida pessoal do artista com a vertente empresarial afinada pela Casablanca Records

Crítica // A era de ouro ###

A paternidade é ponto de partida para o longa A era de ouro, seja ela direta — no caso dos perrengues passados pelo personagem de Jeremy Jordan, que interpreta o produtor musical Neil Bogart, na infância, um sofredor, dada instabilidade do pai — ou indireta, como aponta a presença do diretor Timothy Scott Bogart, filho (na vida real) do personagem central retratado no longa-metragem. Consta ainda um outro nível de paternidade no filme: à frente da produtora Casablanca Records, com cárter extremamente independente, Neil Bogart alçou o voo de artistas e atrações de sucesso como The Isley Brothers, Gladys Knight, Bill Withers, Kiss, The Village People e Donna Summer, esta última um estrondo do período disco.

A todo momento, um fugitivo da bola de neve de dívidas, Neil Bogart insufla um espírito de empreendedor afundado em sonhos. Persiste, resiste e cria um império sustentado por discos em vinil e milhões de dólares advindos das gravações. Mas, até lá, ele pena, desmedidamente. Na prosperidade, o personagem fica divido entre a esposa Beth (Michelle Monaghan) e a apaixonante Joyce (Lyndsy Fonseca). Os maus bocados despontam com as drogas, e junto com o desequilíbrio emocional, a estrutura do filme se perde, num colorido de dramalhão à la Bohemian Rhapsody, com tom televisivo.

Ainda que espalhafatoso, o registro vale, pelo talento de artistas como Ledisi, Pink Sweat$ e Tayla Parx. Entre interpretações de Ain´t no sunshine e Love to love, baby (um case musical, apoiado em orgasmos), o filme vale como curioso bastidor para uma "trilha sonora de uma vida", como reforça o roteiro.