Duas exposições ocupam a Referência Galeria de arte a partir de amanhã. Na galeria principal, Patrícia Bagniewski apresenta O que está embaixo é como o que está em cima, o que em cima é como o que está embaixo, com curadoria de Marília Panitz. A galeria acervo recebe as fotografias de Fred Lamego, que contou com acompanhamento crítico de Yana Tamayo para desenvolver o trabalho de Geometrias cadentes.
Patrícia Bagniewski partiu de uma pesquisa sobre microrganismos para criar as 101 peças da exposição. O vidro é o ponto de partida da artista que, a partir do interesse pelo uso científico do material, chegou ao universo criado na galeria. Lentes de microscópio, placas de Petri, culturas de organismos invisíveis e translúcidos e a própria composição do vidro e sua alquimia levaram Patrícia a criar os seres tão bizarros quanto frágeis expostos em redomas ou pendurados nas paredes. "Criei minhas próprias mutações dos microrganismos trabalhando com o vidro", conta a artista, ao lembrar que a série nasceu durante a pandemia e sofreu, também, a influência da conjuntura na qual imagens de vírus circulavam em abundância e a ciência virou assunto de debates acalorados.
Há várias referências ao mundo científico na obra exposta por Patrícia, mas também há insinuações religiosas, uma pequena incursão no mundo da alquimia e até a presença da psicologia junguiana, já que Carl Gustav Jung se interessou pelo mundo alquímico. "E também tem a reflexão sobre de onde veio o microrganismo. Essa memória que a gente tem. Quando a gente vê, causa um estranhamento, porque são belos e causam repulsa por serem seres patógenos. Mas de onde vem essa memória de familiaridade com esses seres? Fui lá para o momento da criação, a grande sopa, como surgiram os microrganismos, esse oceano de compostos de onde veio a criação", avisa Patrícia.
Olhar para os monumentos de Brasília de uma maneira diferente foi a ideia que guiou Fred Lamego pela incursão fotográfica que resultou nas 15 fotos de Geometrias cadentes. "Fiz uma pesquisa nos últimos dois anos para buscar espaços que saíssem dessa visão monumental e dos cartões postais. Acho que tá todo mundo muito acostumado com os monumentos e o que me motivava era perceber as linhas, formas,texturas que muitas vezes passam despercebidas", conta.
O peso do concreto, o desgaste das linhas modernistas, as sutilezas e a busca de um novo olhar sobre as formas resultaram em uma série de imagens nas quais o vazio ocupa espaço e o óbvio, embora presente, nem sempre se revela a um primeiro olhar. "Meu objetivo é colocar o espectador para perguntar que lugar é esse", avisa o fotógrafo.
Serviço
O que está embaixo é como o que está em cima, o que em cima é como o que está embaixo
De Patrícia Bagniewski. Curadoria: Marília Panitz.
Geometrias cadentes
De Fred Lamego. Curadoria: Yana Tamayo.
Abertura amanhã, às 16h na Referência Galeria de Arte (SCLN 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo). Visitação até 9 de setembro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. Entrada gratuita. Classificação indicativa livre