Crítica

Filme da Disney não provoca medo e tem ambiente de pouca graça

Longa Mansão mal-assombrada, baseado em atração da Disney, mistura ritmo das tramas de suspense com abordagem de comédia

Ricardo Daehn
postado em 28/07/2023 06:42 / atualizado em 28/07/2023 10:09
Cena de Mansão mal-assombrada -  (crédito: Disney/Divulgação)
Cena de Mansão mal-assombrada - (crédito: Disney/Divulgação)

Indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por Judas e o Messias Negro, em 2021, o ator LaKeith Stanfield, em Mansão mal-assombrada, teria muito para despontar, neste remake de uma comédia, há 20 anos, protagonizada por Eddie Murphy. Na pele do emotivo Ben, ele tem bons momentos ao lado de Alysson (Charity Jordan). Mas, aos poucos, o filme  baseado em uma atração da Disney (tal qual Piratas do Caribe) revela-se menos interessado no desenvolvimento de personagens e mais detido num corre-corre impulsionados por deficiente uso de computação gráfica. Até um encontro com a poderosa Madame Leota (Jamie Lee Curtis), toda uma gama de personagens apanha para tentar livrar a si e a humanidade das garras de desesperados fantasmas e desencontradas almas que ficaram à mercê de um feitiço colado ao aristocrático William Gracei (J.R. Adduci).

Coautora da trama do fracassado Caça-Fantasmas (2016), Katie Dippold assina o roteiro do longa dirigido por Justin Simien. Apesar do início promissor, o filme afunila para uma estendida trama à la aventura de Scooby-Doo. Rosario Dawson dá vida a Gabbie, que, passa ao largo da festiva energia de Nova Orleans. Apegada a antiguidades e a pretenso ambiente aconchegante, ela leva o pequeno e instável filho Travis (Chase Dillon) a empoeirado casarão, infestado de aparições.

Em até quatro dias, eles deverão se aliar a um eclético time de supostos perdedores que podem ter a fórmula para banirem personagens, desde o século 18, destinados a vagarem sem rumo. Ben, o astrofísico interpretado por LaKeith, se vale das fotografias espectrais e de uma lente quântica para investigar fenômenos que ainda ficam nas mãos do padre exorcista Kent (Owen Wilson) e do fracassado professor Bruce (Danny DeVitto, num inspirado retorno às telas). Completa o time, a atriz Tiffany Haddish, no papel de Harriet, uma "qualificada e certificada" vidente, que tem a habilidade posta à prova em cada surto de suposto transe.

Privilegiado, na visão "do invisível", o espectador passa por um tour pouco inspirado e bem convencional. A fonte de desconfianças pode estar em porão ou no sótão, com aventura a ser solucionada por uma guru de bola de cristal. O sofrimento que dava estofo a um punhado de personagens não permanece em pé. Resta, daí, rir com os melhores momentos proporcionados pelo descontrole de Harriet e pela viagem no tempo numa mansão avizinhada à central, na qual as réplicas proporcionam uma jornada repleta de fatos mentirosos. Entre os piores momentos do fraco desenvolvimento visual, estão o da ação no pátio e o registro da prometida convivência harmônica dos seres do além, na eternidade.

 

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