Coleção de arte de pioneiro ganha exposição no MAB

Nahima Maciel

postado em 28/07/2023 07:00

Obra de Athos Bulcão integra o acervo de Salvador Aversa - (crédito: Athos Bucão)

Salvador Aversa era um amante da arte brasileira e construiu uma coleção guiado, principalmente, pela emoção que cada obra era capaz de despertar. Essa combinação está presente em Salvador Aversa — O olhar de um colecionador, em cartaz no Museu de Arte de Brasília (MAB) até 27 de agosto. A exposição reúne obras da coleção de Salvador selecionadas pelo neto, o galerista Antonio Aversa. "Essa coleção tem um perfil emocional", avisa Antonio.

O curador conta que se deixou orientar pelas mesmas ideias que guiavam o avô. "Muito além do que o nome do artista, a escolha dele era mais focada sobre o que aquela obra representava para ele. Procurei mostrar uma coleção afetiva e de artistas brasileiros. A casa onde ele morava com a minha avó, no Lago Sul, era uma casa modernista com muitas peças modernistas também", diz.

Segundo Antonio, Salvador era atraído pela história do artista e pela beleza das obras. "Aquelas que mais marcassem e tocassem eram aquelas nas quais ele investia. Ele tinha um olhar muito intenso sobre cada obra", conta o neto. Salvador Aversa veio de Belo Horizonte para Brasília em 1958. Formado em engenharia civil pela Escola de Minas e natural de São Paulo, aceitou o convite de Juscelino Kubitschek para ajudar a construir a nova capital. Trabalhou com Oscar Niemeyer e foi presidente da Novacap. Antonio conta que o avô costumava levar para casa maquetes dos prédios icônicos da cidade, estruturas nas quais o pai, o artista Paulino Aversa, brincava de carrinhos.

Entre os artistas com obras na exposição estão Inimá De Paula, Alberto Guignard, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Arcangelo Ianelli, Rubem Valentim, Farnese de Andrade, Milton da Costa, Ismael Nery e Carlos Scliar, além de uma pintura de Paulino Aversa. No total, 70 obras foram selecionadas em um recorte que revela as preferências do colecionador. "Grande parte delas são 'modernistas'. Acho que o fato dele ter trabalhado na construção de Brasília, cidade considerada modernista, por si só, ele acabou se interessando e comprando muitas obras desse momento da arte brasileira", avalia Antonio.