Artes Cênicas

Festival Marco Zero traz o tema da decolonização para a dança

Festival Marco Zero busca refletir sobre decolonização ao levar a dança para as ruas do Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia

Nahima Maciel
postado em 21/07/2023 06:21
Festival Marco Zero vai ocupar as ruas do DF com dança e performances -  (crédito:  Thiago Sabino)
Festival Marco Zero vai ocupar as ruas do DF com dança e performances - (crédito: Thiago Sabino)

Produções pretas, indígenas, LGBTQIAPN e de pessoas com deficiência ganham destaque na sexta edição do Festival Marco Zero, que tem início hoje e segue até 28 de julho pelas ruas e espaços públicos do Plano Piloto, de Taguatinga e de Ceilândia.

A ideia do festival é levar para movimentados e em horários de pico as performances e espetáculos dos artistas selecionados. Este ano, as temáticas pretas, femininas e indígenas tomam a frente da lista de obras selecionadas pelas curadoras Marcelle Lago, Ivana Motta, Flávia Meireles e Barbara Matias. "O objetivo do Marco Zero, nesta edição, é tratar um dos focos no qual a gente tem pensado muito que é esse conceito da decolonização dos corpos, do movimento", explica Marcelle. "O festival segue no conceito entre dança e arquitetura e nessa edição nosso objetivo é ser cada vez mais rueiro, pensar a rua como lugar de afeto, de pertencimento, de encantaria. A gente tem fugido desse lugar em que a dança tem de estar dentro de um teatro, de um centro cultural. A gente quer dialogar com esses espaços fora."

Por isso a curadoria foi realizada em parceria com Bárbara Matias, de origem indígena do povo cariri, e Ivana Motta, que trouxe a ideia de explorar mais o espaço da rua e das questões de resistência e de decolonização. "A Bárbara diz que todas as cidades já foram florestas, então, quando a gente pisa, a gente deseja segredar com os ancestrais, dialogar com esses ancestrais, retroalimentar essa paisagem. Esse é um dos objetivos quando a gente pensa em descolonização", diz Marcelle.

Amanhã, o Mercado Sul Vive, em Taguatinga, recebe o Baileclava 4.0, espetáculo de Ruan Guajajara inspirado no Movimento Zapatista indígena e cheio de reflexões sobre resistência e conquista de direitos. No domingo, a Cia de Dança Libras em Cena apresenta, no Eixão Norte, Antípoda Cultura, baseado em texto da poeta surda Renata Rezende, e Diego Pizarro mostra Migração Sul-Sul, uma tentativa de conectar movimentos que mobilizam o sul global.

Uma mostra de filmes de videodança marca a abertura hoje, a partir das 17h30, na área externa da Biblioteca Nacional. No programa estão obras como EvaPoro — Rito de Passagem, de Maíra Tukui, A ridícula ideia de nunca mais te ver, de Laura Virgínia, Dança para um futuro cego, de Maria Macedo, e Locomotivas, de Marcela Felipe e Inaê Silva. Os curtas serão exibidos em sequência e poderão ser vistos tanto pelos pedestres quanto por quem passar pelo local de carro ou ônibus.

Serviço

6ª Edição do Festival Marco Zero
Desta sexta-feira (21/7) a 28 de julho, no Plano Piloto, Taguatinga e Ceilândia. Confira a programação no site www.marcozerobrasilia.com. Entrada franca e livre para todos os públicos

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