Crítica // Derrapada ###
Ricardo Daehn
Casais e as consequências das transas, vide filmes como Mato sem cachorro (2013), Superpai (2015) e Divórcio (2017) fazem parte da filmografia do brasiliense, e sagitariano, cineasta Pedro Amorim. A partir de um roteiro adaptado de um romance do inglês Nick Hornby, Slam, o cineasta desenvolve uma trama de relação horizontal entre jovens vividos, na telona, por Heslaine Vieira e Matheus Costa. No roteiro, ressaltam-se os nomes de Izabella Faya e Ana Pacheco.
Admirador incondicional do skatista Bob Burnquist, o agitado Samuca, 17 anos, protagoniza a situação máxima de Derrapada, ao lado da independente Alícia. Ela sublinha, antes de começar o namoro, que o ex-namorado era "obcecado para transar". Virginal, Samuca não pretende ficar para trás. "Isso aqui tá uma carniça!", alerta a mãe da moça, ao adentrar o ninho de amor do recém-casal, que forja uma lua-de-mel. O espírito aventureiro de Samuca é posto à prova, quando surge uma enorme desconfiança de inesperada paternidade.
Samuca, no fundo, não quer ser o modelo de "macho, carioca, escroto", apontado por Alícia que, aos poucos, deixa de ser completamente descolada. Com tom confessional, Derrapada é pontuado por clima arejado. Contribui, no todo, a excelente presença do coadjuvante Leandro Soares, que interpreta o desbocado Coelho. Expansivo, ele alerta Samuca de que uma ida acompanhado, ao cinema, "é pegação 110% garantida" e outras pérolas, com inacreditáveis confusões ligadas a universos do "assédio" e "do incesto".
Participam ainda do elenco, Nanda Costa, no papel da mãe de Samuca, e Luis Miranda, com rara incursão pouco cômica. Preparação, para além da entrada em faculdade, e sim para a vida, norteia parte do roteiro. Junto com algumas tiradas divertidas, o longa trata de autoconfiança e vivência. E tudo de forma natural, com jovialidade e animação.