Equilíbrio entre tradição, afinidade na convivência e controle emocional despontam no roteiro assinado pelo trio John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh para o filme Elementos, de Peter Sohn (o mesmo de O bom dinossauro, feito em 2015). Com o tracer de cultura árabe, o longa explora o caminho independente a ser seguido por Faísca, filha da, por vezes, bisbilhoteira Fagulha e do determinado Brasa.
Muitas vezes de cabeça quente, a moça Faísca é constantemente aconselhada a "respirar e se conectar", a fim de não explodir com a clientela da Loja do Fogo, num ramo de exploração familiar. Faísca tem lá seus sonhos, e que se transformam com o passar do tempo. Em princípio, ela quer bater o recorde de entregas e lucros obtidos pelo pai. Elementos — que traz seres embalados por fogo, terra, água e ar, vale o alerta, desvia da esperteza e das manhas para o público consumidor da marca Disney-Pixar. No bojo, há tratamento despretensioso e proposta infantilizada.
Uma gritante incompatibilidade puxa o enredo de Elementos: Faísca, por longo tempo, se vê desafiada pelo esforçado Gota, um radical inspetor municipal que, pouco a pouco, se transforma. Há uma meta do pai da jovem, que acalenta a vontade da aposentadoria.
Elementos trata de temas como a dificuldade de adaptação de imigrantes e da sabedoria de agarrar oportunidades ofertadas pela vida. Com personagens simpáticos, sem necessariamente dispor uma narrativa de conflito, a animação, por fim, traz um clima apaziguador e quase sonolento.