Os tipos maternais ou apaixonantes estampados pela diva do cinema Isabelle Huppert são múltiplos. Seja na linguagem radical de Paul Verhoeven (em Elle), na ousadia de Christophe Honoré (em Minha mãe) e nas fortes presenças feitas em Marvin e Propriedade privada ou ainda em Madame Bovary, Huppert é magnética.
Selecionado para sessão de gala no Festival de Berlim, Uma vida sem ele não descola do talento dela. Decidida, a protagonista do drama dirigido por Laurent Larivière atende pelo nome de Joan Verra (Huppert). Há inegável sucesso e realização na vida dela, como uma editora de livros. Mas lá vem a talentosa montagem comandada por Marie-Pierre Frappier para ressignificar esta trajetória que funde presente, memórias e até devaneios de Joan.
O criativo roteiro de François Decodets e Laurent Larivière traz como personagens de destaque o exótico escritor Tim Ardenne (o ótimo atoe Lars Eidinger), o outrora amado Doug de toda uma juventude e ainda o filho Nathan (papel em diferentes fases com atores com extremas sensibilidades entre os quais Swann Arlaud e Dimitri Doré). Amores perdidos, ocultos ou latentes revestem a vida de Joan, a ponto de sempre surpreenderem.
Para além da rica presença da protagonista, outra decidida personagem está na mãe dela, vivida pela atriz Florence Loiret Caille, apaixonada não apenas pela vida, mas ainda por outra cultura e por impulsos incontroláveis. Ao fim, um filme singelo, mas inesquecível.