Crítica

The Flash é raio certeiro que cai em vários lugares

Em bem-humorada aventura, o veloz herói da DC The Flash esbanja afeto e nostalgia em uma narrativa afundada no multiverso

Ricardo Daehn
postado em 16/06/2023 07:15 / atualizado em 16/06/2023 09:55
 (crédito:  Warner Bros)
(crédito: Warner Bros)

Crítica // The Flash ####

Inevitável que o primeiro filme solo de The Flash não invista em um herói instável, assustado pelo destino dos pais — a mãe Nora (Maribel Verdú) morre, enquanto o pai, Henry (Ron Livingston), preso, encara um processo judicial capaz de apontá-lo como assassino da esposa. Entre meta-humanos, no cotidiano de uma Gotham City agitada, logo no começo do filme do cineasta consagrado no terror Andy Muschietti, The Flash vai enfrentar uma monumental ameaça num hospital, em que, confirma singulares capacidades de intelecto e de acrobacias. A cena com apurado humor dá pistas do enredo inovador pela frente dos fãs que já cultuam a gratuita admiração pelo personagem saído da DC Comics, numa personificação de Ezra Miller.

Com um futuro catastrófico, Barry Allen (a identidade real do herói) tem a ideia de manipular as grandezas espaço-tempo, e aplicar a teoria do tipo "e se isso não tivesse acontecido...". Bota tudo em prática, uma vez que, instigado, ele supera até a barreira da luz. Com desenvoltura, ele quebra padrões atômicos, e vê moléculas do seu corpo atravessarem a parede. Na realidade alternativa que passa a administrar, Barry vai coexistir com outra versão dele mesmo, ainda desprovido de poderes. Numa maracutaia promovida em multiverso, brotam dois The Flash: um, de rastro azulado, e mais fraco, e outro, com faixo alaranjado, e muito mais experiente.

Quem carrega o filme, no fundo, é Ezra Miller, dotado de excepcional capacidade de interpretação. É bem verdade, que, sim, há personagens de pouquíssima expressão — casos da jornalista feita por Iris West, e da malévola personagem encarnada por Antje Traue. Por outro lado, outro grande acerto do filme diz respeito à associação de Barry com os dois Batman de respeito: um interpretado por Ben Affleck e outro, um marco de perfeição, a cargo de Michael Keaton (com uma questionável entrada triunfal), divertidamente desalinhado na fita.

Os efeitos visuais são usados sob medida, já que muito está concentrado nas cicatrizes psicológicas do personagem central. Há alguns golpes de mestre, encharcados em nostalgia e que beiram o genial. Noutra cena, há irresistível citação ao clássico Frankestein. Isso, sem contar das citações a De volta para o futuro (e aos bastidores do filme de Michael J. Fox, por pouco, quase estrelado por Eric Stoltz). Com boas piadas, e frescor, o filme patina no desenvolvimento da Supergirl, enfiada na trama. No mais, a adaptação traz um abraço inesquecível (que entra para a história do cinema) e uma chacota hilária, na amizade de Barry com um ilustre bebum.

 

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