A pandemia fez a artista Iracema Barbosa entrar em um processo de nomadismo. Além de passar muito tempo sozinha, ela encarou algumas mudanças e escolheu morar em lugares menores. A decisão desencadeou outro processo: o de doar boa parte da produção das últimas décadas para o Museu Nacional da República. E, para marcar a entrega do acervo, a artista idealizou a exposição Iracema Barbosa, Textura dos afetos, que tem curadoria de Renata Azambuja e ocupa a Galeria Térreo e o corredor de acesso da instituição. A abertura ocorre, neste sábado (20/5), a partir das 16h.
Boa parte das obras foi produzida quando a artista morava na França, entre 2000 e 2012. Entre outras obras, está lá Bois de carnaval, instalação confeccionada com restos de galhos, troncos e plantas recolhidos de uma floresta francesa após uma tempestade, quando Iracema se dedicou a coletar materiais disponíveis, já que não tinha dinheiro para comprar tintas para pintar. Completam a obra um conjunto de fitinhas coloridas herdadas do ateliê de costura da avó, uma artesã do Cerrado. " É um apanhado, um resumo de 35 anos de uma pesquisa de uma linguagem que trabalha com a abstração", avisa a artista.
A abstração é uma marca dos trabalhos, assim como o uso de materiais que estão entre os mais antigos da história da arte, como papel, nanquim, madeira, linha e tecido. "Meu trabalho aparece de uma maneira abstrata no sentido de que há linhas, bolas, curvas, e, raramente, algum símbolo reconhecível", avisa a artista, que também é professora de teoria e crítica no curso de artes plásticas da Universidade de Brasília (UnB).
Artistas convidados, Bárbara Paz, Cecilia Lima, Gisele Lima, Gustavo Silvamaral, José de Deus, Luciana Ferreira e Romulo Barros aparecem para lembrar que a experiência coletiva também é produtiva.