Crítica

Décimo filme da franquia 'Velozes & furiosos' segue a fórmula de sempre

Bem orquestrados rasantes, sessões incessantes de fogo e carros içados por helicópteros compõem a trama do filme de ação 'Velozes & furiosos 10', feito sob medida para excitar a adrenalina

Ricardo Daehn
postado em 19/05/2023 10:18
 (crédito:  Universal/Divulgação)
(crédito: Universal/Divulgação)

Crítica// Velozes & furiosos 10 ##

Um meliante que ironiza a figura de Capitão América, acolhe todos os tipos de sotaques dos mútiplos lugares em que opera e é capaz de gritar "o Brasil é meu": assim é o vilão de Velozes & furiosos 10, personagem do astro Jason Momoa. Afetado, o sociopata português Dante teria tudo para deslanchar, mas queima, logo na saída, e não se afirma com naturalidade. Ele, afeito a balé, até declama trazer, em si, "danos colaterais, caos e dor"; porém, dizer não se prova suficiente. Mas, no fundo, isso pouco importa. Na franquia, os fãs esperam a falta de lógica e as explosões sucessivas. Nisso é que se apegam. Vale a ação e o corre nutrido por exemplares de Ford Mustang, de Alfas, Lamborghinis e afins.

Juntando a ideia de gerações, de legado e da passagem de bastão, Don Toretto (Vin Diesel), em cena, não esmorece, controla guindastes, contorna o avanço da tecnologia (que já não é capaz de dominar) e até dá novo sentido para a expressão suspensão de carro. Dentro do grupo que cerca as ações de Don (eternamente ligado à personagem de Michelle Rodriguez, Letty, com presença forte no filme), destacam-se Roman (Tyrese Gibson), que pretende liderar uma missão na Itália, e os entrosados Tej (Ludacris) e Ramsey (Nathalie Emmanuel), além de Han (Sung Kang).

Tal qual a previsibilidade de uma partida em pinball, o filme não sai da curva do esperado. No máximo, surpreende, quando enxerta, numa trama já inflada de personagens, antigos tipos, saídos de outros nove exemplares que compõem a franquia Velozes & furiosos. Seguem-se os bem orquestrados rasantes, em sessões incessantes de fogo com fogo, nas cenas de sobrepostas explosões. Um carro içado por helicópteros parece ser o limite.

O fiozinho de enredo é ancorado por uma vingança. Dante — insensível, e capaz de, com coques penteados na cabeça, interagir com corpos — pretende se vingar da morte do pai, um dos destaques no filme de 2011, o quinto da série. É a deixa para mais uma vez, despontar no cenário um Rio de Janeiro desfigurado e esquisito. Armadilhas e traições se conectam às pactuadas corridas de disputas de carro (em que aliás, nada sugere sentido).

Enquanto foge dos representantes da agência (em que o poder se vê periclitante, oscilando entre os personagens de Brie Larson e Alan Ritchson), Don ainda tem de administrar a insegurança de ver o filho "B" ameaçado e desviar de Dante. Perdido na quebrada, numa trama que literalmente chega até a Antártica, o diretor Louis Leterrier acerta nas pitadas de humor (a cena dos muffins batizados é bem interessante) e ainda no espaço entregue à insondável Cipher, com Charlize Theron roubando a cena.

 

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