Uma rara homenagem ao kung fu, em filme de comédia nacional

Movido ao estilo da fumaça, num movimento de adeptos da canábica ancestral, 'O mestre da fumaça' mistura humor e ação

Ricardo Daehn

postado em 19/05/2023 11:15

(crédito: Divulgação)

Descrito como um filme de ação chapado, o longa de estreia da dupla de praticantes de artes marciais André Sigwalt e Augusto Soares, O mestre da fumaça, traz inspiração em fitas de Bruce Lee, Jim Jarmusch, Jackie Chan e dos irmãos Coen, além de reverenciar Rocky e Scarface. Selecionado para o encerramento no 18º Fantaspoa, integrante da 46ª Mostra de São Paulo (eleito melhor filme, pelo público), ganhou o Golden Ganja Awards de melhor filme, no The Amazing Stoner Film Fest (Tailândia), além de vencer prêmio em Washington (Estados Unidos).

O filme traz como protagonista Daniel Rocha, num papel cômico em produção absolutamente independente na qual prevalece uma forte mistura de gêneros. Com homenagem aos filmes de kung fu setentistas, há investida no retrato da contracultura.

Corrente em mandarim, português e inglês, o roteiro se fixa no destino de dois irmãos, criados pelo mestre Abel, que passam pela maldição da máfia chinesa, a partir de um praguejamento da Vingança das 3 Gerações. Depois da morte do avô e do pai, ambos recorrem ao raro estilo da fumaça, num movimento de adeptos da canábica ancestral. Na ficção, corrente há mais de 70 anos, a luta movida a entorpecente absorve movimentos clássicos de bagua zhang, xing yi quan e o baji quan.

No drama da fita, pesam antigas tradições e uma hospitalização de personagem, mas, por outro lado, há muitas cenas de treinamento de lutas e 15 sequências de artes marciais; numa das sequências, 21 pessoas interagem.

O filme, com e locações em São José do Barreiro e São Paulo,  mescla energia sagrada e cultura asiática,  e traz, entre coadjuvantes, bailarinos que aprenderam bases das artes marciais. Na trilha sonora, estão André Abujamra e Eron Guarnieri (da banda Altas Horas).