Cinema

'O homem cordial', de Iberê Carvalho, chega aos cinemas

'O homem cordial', filme do brasiliense Iberê Carvalho, coloca Paulo Miklos vivendo um incauto roqueiro que se mete numa trama de justiçamento social

Ricardo Daehn
postado em 12/05/2023 07:00
 Uma rede de crimes de descortina na trama de O homem cordial -  (crédito:  O2 Play/Divulgação)
Uma rede de crimes de descortina na trama de O homem cordial - (crédito: O2 Play/Divulgação)

O zelo pela liberdade de pessoas e ideias, num terreno que preserve a segurança: é nesse cenário que o ator Paulo Miklos, astro do novo filme de Iberê Carvalho, o Homem cordial, percebe o ideal da contenção das fake news, um fator de peso na análise do novo filme que estreia na cidade.

Exposto, na trajetória musical que o fez crescer em público, Miklos conta que, tal qual o protagonista do filme, o roqueiro Aurélio, lidou com episódios públicos que abalam a própria vida. "Aurélio não leva a sério o fator fake no digital. Ele não tem a dimensão de que as coisas podiam ser nefastas e que até sua integridade física poderia ser posta em risco. É assim, nisso, que se concretiza o efeito manada", observa Miklos, em entrevista ao Correio.

Na trama, uma celebridade toma partido de um suposto autor (indireto) de crime. "O filme é quase um rap: ele conta uma realidade. Não se investiu apenas em ficção. Há retrato de fatos que acontecem diariamente na realidade do Brasil (...) O país é racista e covarde, apesar de se falar de pluralidade racial e da negativa do preconceito", avalia Thaíde, que interpreta antigo amigo de Aurélio.

Entre improvisos proporcionados pelo papel de Béstia, o rapper Thaíde conta que, em situações do filme, se viu refletido. "Passei muitas situações ao ser abordado com violência pela polícia. Se trata de um filme corajoso e necessário", adianta. Baseado numa inflada situação de julgamento social, o filme motiva a reflexão de Thaíde: "Há finalidade para existir polícia e justiça. Estamos na era de (se) fazer justiça com as próprias mãos, e ninguém é preparado para isso. Se age sem pensar, e aí é que mora o perigo".

Duas perguntas // Paulo Miklos, ator e cantor

Como nota a possibilidade de criminalização das fake news?

O filme trata deste assunto. É algo que está em discussão no Congresso, mas não sabemos exatamente o que vai acontecer. É um tema complexo, mesmo para quem é a favor. Os direitos autorais poderiam estar no bojo desta discussão. E, até mesmo do próprio tema da discussão, já tem motivado fake news em volta. Terra sem lei tem sempre um objetivo: escamotear, e preservar os bandidos. São eles que têm os negócios escusos. Com as fake news, reina uma selvageria completa e caótica. Vivemos num mundo organizado em que pessoas pagam pelos erros que cometem. Isso deve ser estendido para as redes sociais.

Como nota a cidade, na tua trajetória em cinema?

Brasília ainda motiva o grito de contestação e isso ainda hoje. No cinema, em Brasília, vivi o efeito do meu primeiro filme, O invasor (1997). Foi uma experiência alucinante. A plateia tradicional do Festival de Brasília, em que o filme passou, é rock´n´roll. Responde o filme na tela, grita e reage. Eu nunca tinha vivido uma coisa daquelas, e eu estava na tela. Eu virava, no cinema, e ficava cobrando silêncio (risos). Foi algo sem paralelo na minha vida. Uma realização artística que eu nunca tinha experimentado. Depois, ainda veio o É proibido fumar, e agora, O homem cordial, dirigido por um brasiliense.

 


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