Vêm do próprio entorno os materiais utilizados por Igu Krieger na exposição Aterrar o chão, recolher horizontes, em cartaz na galeria A Pilastra. "É uma exposição que tem como mote a reconstrução", avisa o artista, que aproveitou o período de residência no espaço para coletar os vidros, madeiras, tecidos e ferros encontrados na vizinhança.
Quando fala de reconstrução, Krieger pensa em uma série de dinâmicas que podem ser tanto internas quanto externas. Processos individuais de reconstrução, necessários após uma pandemia que impôs perdas terríveis, e processos políticos, após seis anos de desmonte cultural, ataques à ciência, sumiço dos investimentos, negacionismo e discurso de ódio guiaram o artista na confecção das obras. "É como se a gente estivesse em cacos. O momento é de catar os cacos", explica.
Krieger trabalha com a mistura de materiais e, na exposição, o público poderá ver um pouco de tudo, de pintura e desenhos a esculturas e instalações. Na parte externa, o artista reutilizou restos da demolição de seu ateliê para reconstituir o espaço de trabalho. Muito tecido, já que a galeria fica próxima a um polo de moda no Guará, e matéria pictórica aparecem nas outras obras, todas produzidas especialmente para a exposição. "Meu pensamento sempre vem do lugar da pintura", avisa Krieger. "Tentei, ao longo das minhas pesquisas nos últimos anos, expandir a linguagem da pintura, onde consigo mesclar a pintura tradicional da tela. Estou trabalhando em multimeios, não é uma exposição só de pinturas ou de desenhos, tem uma complexidade de linguagens."
O artista trabalhou com o conceito de ateliê expandido: a ideia era sair do ateliê no qual se trabalha sozinho e escondido e aceitar os "atravessamentos" gerados pelo ir e vir do público e pelos acontecimentos da rua. "Acredito nesse lugar do ateliê expandido, de deslocar espaços. Tento entrar numa imersão no espaço e ser atravessado por tudo que vou encontrando. Vou trabalhando numa espécie de costura e vou sobrepondo os materiais", explica.
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