Jornal Correio Braziliense

Crítica

Sem muita graça ou calor: sensualidade juvenil mecânica, em Belo desastre

Filme aposta na química, que é inexistente, entre dois jovens cheios de tesão mas pouco resolvidos na cama

Crítica // Belo desastre ##

Diante dos olhos da protagonista de Belo desastre, a estudante de faculdade Abby (Virginia Gardner, vista em A queda), o colega Travis "Cachorro Louco" Maddox (Dylan Sprouse) pode, sim, ser admirado pelo "corpão" — mas não muito mais do que isso. Vulgar e bruto, como ela considera, Travis é um lutador de MMA, que, virtual oponente do pretendente dela, o futuro pediatra Parker (Neil Bishop), pouco tem a dizer. A princípio, longe do padrão do "homem evoluído", Travis será o egomaníaco que atravessa o destino de Abby, algo em fuga do passado, quando ela era conhecida como Lucky 13, e botava a banca, nas apostas dos Cassinos de Las Vegas.

Comandando uma desastrosa sincronia entre Abby e Travis, o diretor Roger Kumbler, a caminho dos 60 anos, segue a linha de romance juvenil de After — Depois da verdade (2020) e de Segundas intenções (1999). Ainda que insista em chamar Abby de Beija-Flor e em regar uma falsa intimidade com Abby, o casal aparenta ser de protótipos de robôs. Longe de ser mais uma "periguete submissa", Abby se vale, no rascunho, da participação da roteirista Jamie McGuire na produção. Ela, por sinal, é a autora do romance que dá base ao filme.

As situações desenvolvidas, entre as quais a de um beijo que motiva até o vômito da suposta mocinha, dão espaço para uma bizarra (e coreografada) cena de sexo. Situações nada realistas, como a da aposta de 30 dias da ocupação de uma cama sem nada de sexo, se misturam às das engraçadas tiradas de um casal de amigos, os coadjuvantes America (Libe Barer) e Shepley (Austin North). Noutro bom momento, Abby interage com a matilha de parentes de Travis, orientados a "pegar leve" com a moça.