Jornal Correio Braziliense

Gastronomia

Gastronomia do DF tem opções vindas das cinco regiões brasileiras

Nesta semana, o Divirta-se mais selecionou seis restaurantes que trazem à capital a culinária de todos os cantos do país

Se, hoje, Brasília tem formado uma identidade própria, é graças a uma junção das cinco regiões do Brasil. A cidade é conhecida por ter sido construída por candangos vindos de todos cantos do país, que, além da vontade do sonho de erguer a capital, trouxeram para o quadradinho a cultura dos lugares em que nasceram.

Atualmente, Brasília é uma mistura dos sabores de diversos estados, principalmente na área da gastronomia — é por meio da culinária que os moradores do centro do país se reconectam com as raízes. "Hoje, minha maior recompensa é ver um cliente comer no nosso restaurante e falar 'lembrei da comida da minha mãe'. Esse resgate, para mim, não tem preço. Lembrar do gosto da infância não tem preço", ressalta Josi Vieira, chef do restaurante Cozinhas da Terra.

Para Clayton Machado, administrador do Esquina Mineira, é um compromisso natural representar a cultura da cidade natal. "Eu não precisei estudar para contar a história, eu vivi a história, eu vivi Minas Gerais, então tenho essa raiz. A gente sai de Minas, mas Minas não sai da gente", pontua.

Fora do eixo centro-sul, a gastronomia da região Nordeste também é representada em muitos restaurantes da cidade. "Brasília é uma cidade com muitos imigrantes nordestinos e amantes dessa culinária, que procuram restaurantes para viver momentos memoráveis ao lado da família e amigos. A culinária nordestina possui sabores únicos que transmitem aconchego, fazendo com o que as pessoas se apaixonem", opina Eudinice Almeida de Olinda, que administra uma das unidades do Gibão Carne de Sol.

Nesta semana, o Divirta-se mais indica seis restaurantes da cidade que honram a culinária de outros estados do Brasil.

Comida mineira raiz


O restaurante Minas Bistrô é uma parte de Minas Gerais em Brasília. Inaugurada em 2017, a casa é conhecida pela culinária mineira raiz. “A ideia era trazer a culinária da minha avó, muito típica, passada de geração para geração”, indica Daniel Souto, dono do estabelecimento e que preza por uma logística eficiente, tempo de preparo adequado, padronização dos pratos e qualidade no atendimento.


Os pratos típicos mais procurados da casa, como frango ou carne moída com quiabo (R$ 45), angu (R$9), tutu de feijão (R$ 10), joelho de porco (R$ 159) e o torresmo de rolo (R$ 36), são aperfeiçoados pelas técnicas da culinária caseira de Minas, caracterizada pelo uso de bastante alho na preparação.


Outros destaques são as “mineirices”: a partir de R$ 40, o cliente escolhe uma proteína e três acompanhamentos, sendo que a proteína é servida em uma panelinha e o resto no prato, além do mexido mineiro (R$ 55), composto por arroz, feijão, couve, torresmo, linguiça artesanal de Uberlândia, banana frita e um ovo por cima.

Gostinho de todas as regiões

A mineira Josi Vieira cresceu cozinhando ao lado da avó, em um clássico fogão à lenha. Por isso, quando o hobby da culinária se transformou em profissão, a chef decidiu inaugurar um restaurante com o intuito de resgatar vínculos familiares. "É sobre o gostinho de infância, aquela comida que minha mãe e minha avó faziam. A comida que eu como na minha cidade natal, com temperos caseiros e aquele aconchego de infância", descreve Josi sobre o Cozinhas da Terra.

A casa trabalha com diversos pratos típicos regionais no menu, como arroz de leite com charque desfiado e fatias de abóbora assada (R$ 44,99), tradicional do Rio Grande do Norte, e o tucunaré com baião de dois (R$ 44,99), pirão de tucupi e banana da terra frita, prato típico da região Norte do país.

Autêntico churrasco gaúcho

“Comida autêntica, simples e bem feita”. É assim que Gilberto Zortea, da Costelaria Gaúcha, define o restaurante do qual é sócio. “É muito gratificante dar continuidade à história dos meus antepassados, reproduzir o autêntico churrasco que foi descoberto acidentalmente no Século 17”, declara. A casa leva os clientes a uma experiência completa, com músicas típicas, lago com cisnes negros, celeiro e ponte dos namorados. Ainda assim, a principal atração é a comida — mais especificamente, a costela tradicionalmente assada no fogo de chão, que representa as origens de Gilberto. A porção de costela (R$ 149) pode ser acompanhada por feijão tropeiro (R$ 25), mandioca (R$ 25) e vinagrete (R$ 19).

Memória afetiva

Em atividade há 35 anos, o Esquina Mineira é ponto de encontro de gerações em Brasília. O restaurante foi pensado para atender a comunidade mineira da cidade — segundo dados levantados por Clayton Machado, administrador da casa, a população que vem de Minas Gerais representava, há cinco anos, cerca de 800 mil moradores da capital federal.

"O intuito do restaurante é aflorar a memória afetiva das pessoas, para que elas possam degustar todo o nosso cardápio e lembrar da infância, dos momentos em que passaram na casa do tio, da avó, na fazenda", detalha Clayton. Por isso, o grande destaque do bufê (R$ 69,90) é a carne suína. "Minas consome muito suíno e nós trouxemos essa cultura para Brasília", explica. A carne de porco utilizada no local é produzida pelo próprio restaurante, em Buritis, Minas Gerais. "A carne é guardada em banha, o que deixa tudo mais saboroso e suculento, com um sabor diferenciado", avalia.


Um pedaço do Pará em Brasília

Natural de Castanhal, no Pará, Érica Gonçalves trouxe a culinária paraense para Guará II, no centro do país. Um dos poucos locais que representam essa cultura na capital federal, o restaurante Sabor do Pará foi criado por ela e pelo marido em 2011. Entre os sucessos da casa, encontram-se o tacacá (R$ 45), o tucupi (R$ 54), o caruru (R$ 69), o arroz paraense (R$ 37) e o açaí com peixe (R$ 169,99).

Outro ponto forte do restaurante é o açaí "legítimo", como define Érica ao se referir ao açaí puro e natural, comumente consumido no Norte do país e que se diferencia por não ser industrializado. Além de restaurante, o local também atua como mercearia de produtos típicos.