Jornal Correio Braziliense

Artes visuais

Exposição explora limites entre arte, loucura e reflexão

Exposição aproxima arte e loucura em reflexão de coletivos do DF sobre a luta antimanicomial

Como parte de um projeto que envolve várias ações na luta antimanicomial, a mostra Desalinhos e costuras: arte e loucura reúne exposição, rodas de conversa, performance, oficinas e programação de filmes organizados pelos coletivos Cia. Atravessa a Porta, Maluco Voador e Bloco do Rivotrio no Espaço Cultural Renato Russo. "É um trabalho de coletivo que eles vêm fazendo há bastante tempo e que tem um resultado muito legal, especialmente na área de cinema e música e com resultados interessantes na área de artes visuais", explica Marília Panitz, curadora de Inventando voos, a vertente de visuais do projeto.

A exposição traz trabalhos feitos nas oficinas e tem objetos como parangolés, elmos, pinturas, fotografias documentais, vídeos, instrumentos musicais e estandartes. São criações realizadas de forma coletiva e dentro de contextos de luta antimanicomial e dos processos realizados no Centro de Atenção Psicossocial (CAP) do DF. Algumas interações nascidas durante oficinas realizadas com artistas da cidade também estarão expostas, caso de um estandarte concebido por Rômulo Andrade para o Maluco voador e os lambes do Coletivo Transverso realizados para o grupo.

Marília Panitz, que divide a curadoria com Carlos Silva, conta que uma das preocupações ao estabelecer o recorte curatorial foi refletir sobre os limites entre a produção artística e a loucura. "A gente teve a preocupação em fazer uma sentença curatorial mais amarrada para a pessoa que entrasse na exposição soubesse do que se trata, essa coisa que quase dilui a fronteira entre arte e loucura, porque é isso que o movimento antimanicomial se pergunta, em que limite a arte te dá permissão para ultrapassar certas fronteiras sem que seja considerado um cara doente", explica Marília. "Fizemos esse percurso para mostrar que há ali uma lógica de criar eventos poéticos para falar de sua situação não no sentido de arteterapia, mas da produção poética mesmo."