Na quarta edição, o Festival Internacional de Cinema Fantástico, organizado sob curadoria de Josiane Osório, no Centro Cultural Banco do Brasil, estruturado com entrada franca. Mais de 20 países, propulsores de 11 longas e de 44 curtas-metragens, foram representados no ciclo de produções dedicadas à narrativas com fantasia, horror e ficção científica.
Bruxas, segredos, apocalipse, ancestralidade e até um gato alcoólatra se dispõem nos filmes feitos por França, México, Brasil e Japão, na reta final do evento, que, hoje (às 18h), traz um debate sobre literatura fantástica conduzido pelo especialista Ciro Inácio Marcondes. Outro nome de peso no evento é o do uruguaio Gustavo Hernández. Às 15h20 desta sexta (17/3), depois de ligeira programação de curtas (previstos para as 15h), o diretor — que prestigia o evento — mostrará Vírus-32, filme em coprodução argentina, em torno de zumbis, violentos e rápidos, que desfilam um rastro de força momentânea mas devastadora.
No sábado (18/3), o Festival de Cinema Fantástico traz programação a partir das 10h30, com série de curtas-metragens. Também apresentado por Hernández, a pré-estreia de Lobo feroz será às 15h. Uma trama de vingança, transcorridos crimes brutais, se fortalece quando uma mulher traumatizada busca o apoio de um policial marginalizado.
Entrevista // Gustavo Hernández, cineasta
Como contornar as supostas restrições orçamentárias?
Em 2010 fiz meu primeiro filme, The silent house. Eu só tinha 8.000 pesos para filmar, uma única locação e três atores. Não consegui filmar da maneira tradicional porque o orçamento não era suficiente para mim, então pensei em gravá-lo em uma única tomada, em um plano de sequência. Essa limitação orçamentária fez com que o filme ganhasse outra identidade e acabasse estreando no festival de Cannes e os estúdios de Hollywood compraram os direitos e fizeram um remake. Às vezes, orçamentos baixos levam o criador a se exigir em todos os campos e, consequentemente, histórias muito interessantes são construídas.
Que tipo de estética você busca?
Gosto de experimentar, explorar temas como identidade, moralidade através dos personagens ou diferentes ferramentas narrativas.
Qual a diferença entre coproduzir com a Espanha e com a Argentina?
Trabalho tanto com a Espanha e quanto a Argentina há muitos anos, e as experiências sempre foram incríveis e profissionais. Devido a sua proximidade com a Argentina, o Uruguai compartilha as mesmas idiossincrasias, mas também somos um país de emigrantes espanhóis,
por isso nossas raízes e costumes com a Espanha igualmente são muito próximos.
A violência na tela gera violência?
Não precisamente. O cinema pode ajudar a refletir sobre as melhores formas de resolver os conflitos, buscando o diálogo, o respeito, a tolerância.
É muito cedo para falar sobre o ciclo de uma pandemia?
Foram momentos muito traumáticos e acho que ainda estamos digerindo as perdas e as consequências que afetaram o mundo inteiro em vários níveis.