Crítica // Close // #####
A sexualidade é uma temática que acompanha o diretor Lukas Dhont, desde a estreia quando, extremamente jovem, despontou com Girl (2018). Estrelado por Émilie Dequenne (de Rosetta), o novo drama que ele conduz faturou o Grande Prêmio do Festival de Cannes, seguindo uma linha tão dolorosa quanto a de O quarto do filho, clássico de Nanni Moretti. Desde o delicado Minha vida em cor de rosa (1997), a abordagem da formação e das noções de desejo com personagens em idade infantil, não trazia tanta sutileza quanto a Close, o longa indicado a melhor filme internacional no Oscar.
No filme, Léo (Eden Dambrine) ama Rémi (Gustav De Waele) — e, na visão de alguns, há algo de errado nisso. Assinado por Angelo Tijssens e Dhont, o roteiro trata de bulling e de terapia na pré-adolescência, mas com um tratamento sutil que rearranja dramas pesadíssimos. Com uma extrema expressividade nos olhos, Léo absorve a imposição social juvenil, no âmbito da escola, de se desgrudar de Rémi, garoto que traz a afinidade e uma sensibilidade invejável, como pequeno expoente da música, exímio tocador de oboé. A marcante fotografia traz planos belíssimos dos garotos correndo, ou pedalando, entre flores de raro colorido.
A convivência extrema dos meninos ganha a simpatia de Sophie (Dequenne), mãe de Rémi. Sob apoios familiares, o crescimento dos garotos encontrará, na contramão, o achatamento, num processo de opressão social. Pouco a pouco, Léo reage se atirando no duro cotidiano dos impulsos violentos das partidas de hóquei que passa a disputar. Numa carga inesperada, a atitude dele vai motivar uma ausência e um inexplicável impulso de ação de Rémi. O resto será uma avalanche de silêncios e dores.