Um conjunto de mais de 400 obras de Pedro Ivo Verçosa ocupa o Museu Nacional da República em uma retrospectiva que faz mergulho completo na obra do artista brasiliense morto em maio de 2020, aos 34 anos. Com curadoria de Ralph Gehre, a mostra é também uma homenagem ao artista, que teve produção profícua e de grande qualidade. "Não é obra completa, ele produziu muito mais do que isso, é uma característica dele, sempre foi muito dedicado, profícuo. E o ímpeto dele era de projetos de fôlego, como a série de retratos", explica Gehre. "Ele planejava projetos de fôlego, então a exposição, embora seja grande, não traz a obra completa. Ele deixou um legado muito maior que está com amigos, colecionadores, galeria, família."
O curador fez um mapeamento com o que considera os momentos mais importantes da produção do artista. Há exemplos de praticamente todas as fases e projetos desenvolvidos por Pedro Ivo. "Tem algumas questões que ficam muito evidentes quando a gente olha o conjunto. A questão identitária, quem sou eu?, onde estou?, está no centro da preocupação do Pedro e a exposição deixa muito evidente, não só na figuração, mas nos autorretratos", afirma o curador. Algumas imagens e palavras são recorrentes tanto na voz da curadoria quanto nas obras.
O retrato é um recurso constante e foi trabalhado em várias séries. Há muitas pinturas e desenhos de mãos — do próprio artista ou de outras pessoas —, um elemento de identidade forte na produção. "Reconhecemos as pessoas e nos reconhecemos pelas mãos, as mãos têm digitais, são elementos identitários sérios", lembra Gehre. As sobreposições e a fotografia são também métodos de trabalho para o artista, que usou transparências e registros para dar forma às pinturas. "Ele pensava a série de maneira muito espontânea, não teorizava sobre aquilo. Conseguiu manter num processo muito centrado no trabalho com um procedimento muito claro. Não fazia uma ficha, mas tinha mentalizado os procedimentos e usava muito a fotografia", observa o curador.
Retrospectiva
Pedro Ivo Verçosa
Exposição de Pedro Ivo Verçosa. Curadoria: Ralph Gehre. Visitação até 4 de junho, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios — Brasília)
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