Crítica // Pânico 6 ###
Incrementar e recauchutar uma trama de enorme apelo e sucesso instituída em 1996 por Wes Craven (diretor morto em 2015) tem sido a missão da dupla de cineastas Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett. O passeio proposto pelo novo Pânico 6 traz de terror psicológico ao vigor das personagens femininas, abarcando uma dose de nostalgia e um clima de sobrevivência coletiva, a partir das ações de uma galeria pesada de tipos que acata até mesmo a multiplicação de vilões, que se revezam na função de serial killers.
Professora de cinema, a personagem Laura — que conta lecionar para "adolescentes de ressaca" — dá início à nova jornada de horrores que se auto-alimenta de clichês e subversões do subgênero slasher, em que o grafismo de mutilações e violência não encontra freio. Curiosamente, Jason (personagem de Tony Revolori, que carrega o mesmo nome do assassino da série Sexta-feira 13) dá a partida na trama de Pânico 6. Por convenção, um escuro beco de Nova York traz o cenário do enredo em que jovens se veem impedidos de transar e correm altos riscos, caso se separem. Com direito a santuário que celebra a essência da franquia Pânico (apoiada na figura da máscara de Ghostface — um decalque de um rosto fantasmagórico), o novo terror celebra diretores consagrados no passado como o italiano Dario Argento e ainda o gênero giallo, com o desmascarar de crimes. Assustadoramente, a humanidade das vítimas sofre apagamento, e, na visão de algozes, sob tortura, viram "animais" ou "somente (nacos de) carne".
A meio caminho de uma sanguinária aventura de Scooby-Doo, Pânico 6 traz a linhagem de irmãs associada a assassinatos em série Sam (Melissa Barrera) e Tara (a impressionante Jenna Ortega, da série Wandinha). A elas se juntam, no "quarteto top", Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown). Personagens como Danny, o típico garotão descamisado, e o tímido Ethan se juntam à galeria de tipos consagrados, entre os quais a repórter Gale (Courtney Cox) e o detetive a cargo do veterano Dermot Mulroney. Entre todos, estaria tão somente um assassino à solta? Dialogando abertamente com as armadilhas do roteiro dos filmes de terror, Pânico 6 emula princípios dos enredos ambientados entre universitários na franquia de terror que, na veia, é nutrida por vingança e problemas com paternidade.
Ainda que com momentos muito explicativos, Pânico 6 acerta (tal qual o recente Halloween) ao expôr o senso de proteção e a capacidade de defesa femininos. Entre as sequências que mais impressionam estão a daqueles que, literalmente, "morrem pela boca"; além do quiproquó transcorrido no metrô, em que, numa discreta lapada, vilões clássicos do cinema como Jason, Hellraiser e Freddy Krueger são homenageados. Quem tiver na memória o clima de super-herói de Shazam! (2019), igualmente, terá ideia do clima do final de Pânico 6, que derrapa no excesso de reviravoltas. Curioso, que entre ações com facas, tridentes, degolamentos e rifles, uma cena de escada bamba (que explora a acrofobia, o medo de altura), crie tanto clima e chame tanto a atenção.
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