Jornal Correio Braziliense

Artes cênicas

'Contos de cativeiro' dá destaque ao protagonismo negro em cena

Espetáculo 'Contos de cativeiro' volta aos palcos com histórias da diáspora africana no Brasil

Retornos são sinais de boas aspirações de um espetáculo, e com Contos de Cativeiro não é diferente. A peça circense e dramatúrgica afro-diaspórica entra em cartaz pela segunda vez em Brasília, no Espaço Cultural Renato Russo. O espetáculo tematiza uma história que retrata os caminhos percorridos pelo povo negro brasileiro sob o olhar de um preto velho simpático e de fala doce, trazendo para cada cena visões de valores e reflexões oriundas de terras africanas para o Brasil. A montagem aborda a mistura das linguagens corporais, do circo com a dança afro e a capoeira, além de outros elementos da cultura negra.

Ao Correio, Marcelo Marques, ator protagonista da peça, afirma que usar um espetáculo multifacetado para falar de negritude é fundamental. A apresentação é um solo encenado pelo ator e dirigido por Renata Caetano. Juliana Jardel assina a direção de coreografia. O cenário e o figurino são de Raquel Rocha. Toda a equipe é composta por pessoas negras, o que protagoniza esse espaço dentro e fora dos palcos. "Nós precisamos nos identificar enquanto pessoas negras e enquanto protagonistas das nossas próprias histórias. Então, quando a gente pensa nesse acolhimento, nós estamos acolhendo pessoas pretas dentro do seu local de sabedoria e de inteligência. Por conta disso, um espetáculo fala de afroafeto e traz isso com toda força, com toda a potência que a gente tem. Estamos em tempos cujo a necessidade de atitudes afirmativas em relação a história e a cultura negra está cada vez mais pungente", comenta.

Exposição imersiva

A artista visual Raquel Rocha  compartilhará em uma exposição guiada a concepção artística que a conduziu no processo de criação do cenário e figurino, com fotos, vídeo-performance e cenas gravadas da apresentação. A exposição fica aberta ao público no dia da apresentação a partir das 18h.  "Assim como Contos de cativeiro propõe à plateia uma experiência que ultrapassa os limites das artes cênicas, essa exposição também reflete esse nosso pensamento sobre a como o fazer artístico deve chegar ao público das mais diversas formas e através de todos sentidos. Então, quando a pessoa sai da exposição do lado externo e entra no teatro pra ver o espetáculo, aquele cenário, essas coisas estão muito bem conectadas dentro de tudo que a gente tem trazido para o espetáculo. A ideia do espetáculo em contato com a exposição é ter um dia de um passeio cultural. Se completa enquanto exposição, enquanto teatro, dança, circo, todas as coisas juntas", reitera Marcelo.

Contos de Cativeiro

Nesta sexta-feira (23/2), às 18h, no Galpão Hugo Rodas — Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). Os ingressos estão no valor de R$ 40 a inteira, à venda no Sympla. Pessoas negras têm direito à meia-entrada, conforme ação afirmativa.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco