Cinema

Filme de estreia de Lee Jung-jae traz um acúmulo de confusões

Operação Hunt traz o mesmo diretor de Round 6, Lee Jung-Jae, na estreia em cinema. Filme foi exibido em Cannes

Ricardo Daehn
postado em 06/02/2023 11:42
Operação Hunt: muita confusão à vista -  (crédito:  Synapse Distribution/Divulgação)
Operação Hunt: muita confusão à vista - (crédito: Synapse Distribution/Divulgação)

Crítica // Operação Hunt ##

 

Apresentado fora de competição no Festival de Cannes, o longa do mesmo astro da série Round 6 Lee Jung-jae é característico de um diretor estreante — como é o caso de Jung-jae que, além de estrelar, ainda conduz o complexo filme de espionagem. Num cenário bélico, ele desfila total ficção, exacerbando, ao limite, o grau tensões entre o totalitarismo da Coreia do Norte e a Coreia do Sul, um tanto beneficiada das alianças com o capitalismo ianque.

Associar o rastro do impacto de Parasita (outro título sul-coreano, mas destacado com os Oscar de melhor filme e de melhor filme estrangeiro) à promessa de estouro de Operação Hunt é equívoco. O longa de Jung-jae investe num alto período de repressão. Situado em 1983, lança uma matriz adulterada (cravejada de ficção) de história, retratando uma tentativa de atentado contra presidente sul-coreano por agente da Coreia do Norte.

Uma rede de forte desconfiança interna dentro da agência central de inteligência (KCIA) aponta para um norte-coreano infiltrado na KCIA chamado Donglim. Jung-Jae interpreta Park Pyong-ho, atuante no campo internacional da KCIA, enquanto Kim Jung-do (papel de Jung Woo-sung) abraça a visão mais militarizada, numa esfera interna do país. Operação Hunt, engarupado numa confusão generalizada (prejudicada pela velocidade do filme — a edição parece uma alucinada remontagem de série de tevê) trata de um induzido confronto entre ambos, a partir da determinação (vinda de superior) de que investiguem um ao outro.

No roteiro do filme, o presidente sul-coreano Chun-Doo-hwan quase morre, num cenário de intolerância e de medos, com muita prisão domiciliar e altas ondas de protestos. No filme de espionagem, chama a atenção a maneira rudimentar do trânsito de informações, incomparavelmente lentos, num processo com fotocópias e uso de telex. É desconcertante notar como os dublês merecem primazia e se sobressaem na fita. Sinal de que algo desandou na produção. Intérprete da dedicada agente Ju-Kyung (muito próxima a Park Pyong-ho), a atriz Jeon Hye-jin tem relativo destaque no filme que impacta pela crueza das cenas de tortura.

 

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