A expectativa humana sobre o que há depois da morte sempre intrigou a artista Silvie Eidam. Há algum tempo ela leva para a pintura uma pesquisa que envolve o universo do pós-morte, desde o misticismo quanto aos fantasmas até questões mais reais, como a decomposição da matéria. É dessa investigação que nasceu Momentum Mori, em cartaz na Alfinete Galeria até domingo.
Com fotos e pinturas, a artista reflete sobre vários aspectos da morte, do luto e dos rituais funerários à história da fotografia, que, no fim do século 19, teve momento marcante ao tentar registrar fantasmas e ectoplasmas. "Sempre pesquisei a história dos fantasmas, do material sendo materializado na pintura", conta. "Para essa exposição, fiz uma sessão de fotos reencenando fotos de ectoplasma. A última parte da exposição é sobre esse tema do ectoplasma, que é um retorno um pouco à pesquisa sobre os fantasmas que fiz na pintura."
Realizadas em estúdio e com a própria artista como modelo, as fotografias em que reproduz a estética das fotografias do século 19 são as mais perturbadoras do conjunto. A primeira parte da exposição é o que acontece com o corpo enquanto matéria nos primeiros momentos após a morte. "A segunda é o que acontece com a alma", explica Silvie.
Além das próprias fotos, a artista pesquisou imagens de universidades americanas que investigam o processo de decomposição dos corpos humanos doados em um sistema conhecido como body farm. As imagens serviram de base para as pinturas. No total, são 14 trabalhos em tela e fotografia apresentados na exposição. "Vejo essa exposição como o início de uma pesquisa. Tem muita coisa para pesquisar, pintar sobre", garante Silvie.
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