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Cinema

Tortuosa emancipação está retratada em Emily, longa sobre produção literária

Parte da vida de Emily Brontë, autora de O morro dos ventos uivantes, está retratada no primeiro longa de Frances O´Connor. Confira a crítica

Crítica // Emily ###

Atriz de Palácio das ilusões, e de séries como Madame Bovary (baseada do libertário texto de Gustave Flaubert), Frances O'Connor estreia na direção, com este longa, de jeitão clássico, ambientado no século 19. Considerada a melhor diretora no Festival de Estocolmo (Suécia), O'Connor avança num tema real que atravessa o cotidiano da família Brontë, famosa na aldeia inglesa de Thornton.

Como entrega o título do filme, não é a autora do clássico Jane Eyre, Charlotte que concentra as atenções, nem Anne, também escritora, mas, sim, Emily, ninguém menos do que a criadora do emblemático O morro dos ventos uivantes. Na telona, ela ganha uma interpretação comedida de Emma Mackey (da série Sex Education).

Aos moldes dos longas de Joe Wright, que esteve à frente de Orgulho e preconceito (estrelado por Keira Knightley), Emily passa por ideais românticos da protagonista, que fica vidrada em William Weightman (Oliver Jackson-Cohen), um forasteiro na paróquia comandada por Patrick, pai das talentosas irmãs Brontë.

A decepção amorosa e os limites impostos às mulheres (à época) ajudam a consagrar a pecha de "estranha" associada a Emily, disposta a demarcar avanços na sociedade. Ao lado do problemático irmão Branwell (Fionn Whitehead, de Dunkirk), Emily se diverte, mas, igualmente, paga certo preço pela conquista de liberdades. Retratando um vendaval mental da escritora, a diretora consegue dar ideia das dores e da determinação atreladas a Emily.