Conhecida por unir as cinco regiões do país, a capital federal foi construída por brasileiros de todos os cantos do Brasil. Os que vieram entre as décadas de 1950 e 1960 estabeleceram vínculos, formaram famílias e trouxeram um pedaço das respectivas cidades natais. Hoje, Brasília é a casa dos mais variados restaurantes regionais, que representam, no quadradinho, a cultura local dos demais estados, fazendo com que os novos moradores e até turistas se sintam em casa.
Proprietária do restaurante Ki-Mukeka, Cristina Oliveira vê Brasília como um grande polo gastronômico. "A cultura brasiliense, por ser tão jovem, acaba sendo essa mescla deliciosa de várias culturas brasileiras, então, a cena gastronômica regional em Brasília é não só muito forte, como um grande pilar da cultura da nossa capital", avalia.
Para Gabriel Sonda, um dos proprietários da Galeteria Gaúcha, é uma honra reproduzir a culinária do Sul na cidade. "Representar a gastronomia na capital é um grande prazer, pois estamos sempre podendo nos lembrar das nossas raízes e nos sentir mais em casa", afirma. Lucídio Carneiro, dono do restaurante Jijoca, compartilha do sentimento. "Por ser cearense, eu tenho muito orgulho de representar um pouco da gastronomia do Ceará e trazer pratos característicos da região", declara. "Eu fico muito feliz de poder contribuir com a gastronomia local trazendo um pouquinho da minha terra e homenageando ela", complementa.
Wady Dahás, proprietário do restaurante paraense Du Pará, se sente responsável por representar toda a cultura do Norte. "Lá, a comida é muito parecida. Todo mundo come tucupi, tacacá, então não temos clientes só do Pará. Temos de toda a Amazônia, do Norte em geral, e de Brasília também. Os brasilienses adoram a nossa comida, que é conhecida no mundo inteiro. É uma satisfação poder mostrar isso para as pessoas", diz.
Tradição mineira
Sucessor do tradicional Feitiço Mineiro, o Feitiço das Artes continua o legado que o mineiro Jorge Ferreira começou há 35 anos. Cheio de "mineirices", o empresário decidiu criar, no coração de Brasília, um restaurante inspirado nas casas de fazenda com fogão à lenha, regido pela comida de Minas Gerais. "A gastronomia mineira é uma das culinárias mais ricas e bem aceitas pelo paladar do brasileiro", concordam os sócios proprietários Joel Oliveira, Jerson Alvim e Jalma Queiroz.
"O Feitiço é o local onde podemos, em alto estilo, alimentar o corpo por meio de uma tradicional comida mineira e brasileira", complementa Joel. Entre as opções do restaurante, os destaques são a costelinha de porco com molho agridoce (R$ 48), pernil à mineira (R$ 73) e a porção de torresmo (R$ 33).
Amazônia na capital
A união entre a saudade de casa e a falta de restaurantes paraenses em Brasília resultou na criação da casa Du Pará. Administrado por Wady Dahás, o local que começou como uma pequena loja Camarão da orla, do restaurante Jijoca na Asa Norte, hoje, é um dos principais representantes da culinária do Norte na capital. Os mais pedidos do restaurantes ficam por conta dos clássicos do Pará, como o vatapá (R$ 25), arroz de pato (R$ 35) e arroz paraense (R$ 35). “Esses pratos são a cara do Pará, da Amazônia. São os que todo mundo pede”, garante Wady. Para o responsável, outro grande diferencial da casa é o açaí 100% paraense (R$ 22). “Os brasilienses ficam curiosos para provar nosso açaí diferenciado, sem banana, xarope, açúcar. Eles querem conhecer o açaí in natura e acabam se apaixonando por ele”, afirma.
Legado da Bahia
Com quase 40 anos de história em Brasília, o Ki—Mukeka faz parte da história da cidade. O primeiro restaurante da rede foi inaugurado em 1978 em Cabuçu, Bahia, por Ivone Marlene de Jesus, com a ajuda de um fogão quatro bocas e dos sete filhos.
O sucesso quase que imediato das delícias vendidas pelo local resultaram em convites para levar o restaurante para Feira de Santana, Salvador e, eventualmente, a capital federal. "É uma grande satisfação poder ser um dos restaurantes mais tradicionais da cidade e ser, de certa forma, parte da cultura de Brasília", declara Cristina Oliveira, uma das responsáveis pela casa.
Fazendo jus ao nome do local, o carro-chefe do menu é a moqueca de camarão (R$ 219,90 — 2 pessoas), que vem acompanhada por arroz, pirão e farofa. Também há opção de moqueca de pescada amarela (R$ 202,90 — 2 pessoas) e moqueca de filé de badejo (R$ 225,40 — 2 pessoas).
Tempero gaúcho
O restaurante Galeteria Gaúcha é tradição na cidade desde 1987. A casa é um feito do riograndense Arnaldo Sonda, que saiu da cidade de Anta Gorda, Rio Grande do Sul, para abrir um restaurante que trouxesse o sabor da comida italiana com os moldes da região do Sul para os brasilienses. “Por ser um restaurante tradicional e pioneiro nessa área, conseguimos enxergar como uma comida afetiva, não só para os gaúchos, mas também aos brasilienses que nasceram e cresceram frequentando o restaurante”, diz Gabriel Sonda. O rodízio de galeto (R$ 54), realizado de terça a combinação do galeto (R$ 27) com polenta frita a domingo na unidade do Lago Norte, é o forte do restaurante. Já na Asa Sul, a sugestão da casa é (R$ 25) e massa talharim à bolonhesa (R$ 27).
Entre o tradicional e o inovador
O Fogão Goiano é resultado do trabalho de uma família de paraibanos apaixonados pela culinária mineira e goiana. "Nós amamos pequi, gueroba, pratos bem regionais do Centro-Oeste", lista a chef Soraia Belizario. Tradição na cidade, a primeira casa foi inaugurada há 32 anos, em Luziânia. Hoje, são 18 unidades espalhadas entre Goiás e Distrito Federal. "A maioria dos nossos pratos são bem tropicais, pratos muito coloridos", detalha.
O menu da casa, que funciona em estilo buffet (R$ 54,90) varia entre os queridinhos do público, como frango caipira e galinhada, a pratos inovadores, como lasanha com pequi e ceviche de manga. Para Soraia, a estrela do restaurante é o bife de alcatra enrolado com couve e queijo, preparado na churrasqueira. "Ele é mineiro e delicioso, um grande destaque nosso", afirma.