Crítica // O amor dá voltas ###
Leve como a música Gonna give her all the love I´ve got, usada à exaustão na trilha sonora, o novo filme de Marcos Bernstein traz o gosto e a pretensão de um título da Sessão da Tarde. Seja com a referida música entoada por Marvin Gaye ou ainda pelo uso de The sound of silence, o amor reclamado pelo abobalhado personagem André (Igor Angelkorte) segue um andamento, ao bel-prazer do vento, depois de ele se ver formado médico. Passada uma compromissada viagem feita para a África, André traz excelentes perspectivas dos desdobramentos da relação com Beta (Juliana Didone).
Interessado em composições simétricas no dia a dia, em reflexões ligeiras e numa dose de solidão curtida ao lado do peixe de estimação, André sentirá o peso da instabilidade. No meio de uma latente separação entre a irmã Beta e André, Dani (Cleo) surge como anteparo da relação estremecida pela presença de Sérgio (Klebber Toledo) na vida de Beta. Dani, por sua vez, é incapaz de passar a semana inteira com "o mesmo cara".
Lembrado pela estreia em longa com O outro lado da rua, estrelado por Fernanda Montenegro e Raul Cortez, e também pela colaboração nos roteiros de Central do Brasil e Faroeste caboclo, Marcos Bernstein é o diretor de O amor dá voltas.
Bastante humorado, o filme ainda transparece a boa qualidade na direção de arte criada por Tiago Marques Teixeira. Com algumas incertezas algo adolescentes, os personagens apelam para comparativos, a exemplo da qualificação, a partir do número de amigos nas redes sociais. Dotado de um espírito "velho", André traz uma boa oportunidade para o ator Igor Angelkorte. Levantando discussões tranquilas como a quantidade de tatuagens pelo corpo e a diferença entre gostar e amar, Dani traz a naturalidade de Cleo, à frente de personagem apiedada e arredia.