As férias de verão de uma menina com o pai nas praias da Turquia são base de uma narrativa íntima e cheia de emoções da diretora Charlotte Wells. O longa Aftersun acompanha Sophie (Frankie Corio), uma menina de 11 anos que vive um verão de pré-adolescente, ao lado do jovem pai Calum (Paul Mescal).
Uma história simples sem os altos e baixos hollywoodianos, mas com a beleza da naturalidade do que é a convivência. A produção mostra um pai que teve a filha precocemente e quer esconder dela todas as próprias inseguranças e a dificuldade da vida adulta. O roteiro caminha de forma delicada e complexa e apresenta por meio dos silêncios e emoções potentes uma relação desestruturada pela distância e pelo tempo, mas ligada por amor e admiração.
A narrativa é simples e não precisa de um grande clímax para conquistar o espectador. O carisma da excelente Frankie Corio, que vive intensamente uma personagem cheia de nuances e de personalidade forte, e a presença de Paul Mesca, conseguiriam transmitir toda tensão da história mesmo que estivessem em cenários brancos. Os atores têm química invejável e, mesmo com currículos curtos, esbanjam naturalidade. Parecem estar sempre confortáveis nas mais difíceis cenas.
O filme é, em essência, belo, com cenas alongadas com paisagens, enquadramentos incomuns. O público é capaz de contemplar a beleza e a emoção que pai e filha viveram durante o tempo que estiveram juntos. Seja na perspectiva angustiante de um pai perdido ou na inocente figura de uma menina que está apenas aproveitando um dia de cada vez e descobrindo coisas novas o tempo todo. Assim como as férias que ele mostra, o longa não precisa de mais do que um belo cenário e dois grandes personagens em sintonia para entregar algo esteticamente apurado e memorável.