Crítica // Noite infeliz ##

Um estranho Natal: confira crítica de 'Noite infeliz'

Muita violência em cena acaba prejudicando uma comédia, à primeira vista, engraçada

Crítica // Noite infeliz ##


Filmes cômicos como Esqueceram de mim e Duro de matar são citados no roteiro de Noite infeliz, escrito pela mesma dupla de Sonic e dirigido por Tommy Wirkola. Assim como feito por Wirkola, em João e Maria: Caçadores de bruxas (2013), a intenção é desmistificar terrenos consagrados. Em Noite infeliz, conto de fadas, milagres natalinos e violência extremada andam de mãos dadas.
David Harbour (Esquadrão Suicida), na trama, vive São Nicolau, um Bom Velhinho nada convencional — tatuado, e ao estilo rude de lenhador. O vermelho emana dele, não apenas no colorido das roupas, estando mais na desgovernada linha de sangue decorrente de suas ações, numa trilha sanguinária, depois que ele se vê infiltrado num pretenso roubo de US$ 300 milhões.
"O Natal morre hoje", destaca um dos personagens da banda ruim, sedenta pela grana de Gertrude (Beverly D´Angelo). Ao lado dos filhos Jason (Alex Hassell, de The boys) e Alva (Edi Patterson, personificando a futilidade), Gertrude terá que recorrer ao quarto do pânico da mansão e acionar o chamado Esquadrão da Morte, em defesa dos familiares ameaçados pela gangue do Sr. Scrooge (John Leguizamo). O lado cômico de Harbour — na pele do Papai Noel inconformado pelo consumo desenfreado e ganância das crianças — até funciona. Em vez de videogames, ele diz que preferia entregar espada e coquetéis molotov, enquanto se prova cada vez mais dependente de bebidas e das renas com as quais convive.
Piegas é, no meio deste caos (que lembra os filmes de heróis), o espírito natalino persistir em Trudy (Leah Brady), a filha de Jason. No mais, nada é para ser levado a sério: entre ataques a base de bolas de sinuca, ferimentos causados por estrelas de enfeite e o inseparável martelo de Papai Noel, como injetar, no roteiro, sentimentalismo e amor? Tudo, no fundo, fica sem o menor fundamento.