Crítica // Terrifier 2 #
Há seis anos, sob o orçamento de US$ 35 mil, o diretor Damien Leone colocou no mapa um filme de terror protagonizado pelo personagem Art (David Howard Thornton), palhaço que, em nada, inspirava graça. Aparentemente, Art trazia similaridade com figura clássica circense vista em O boulevard do crime, de Marcel Carné, que, nos anos 1940, em silêncio, expressava as pistas de uma tragédia do amor. Numa produção dispensável, tudo em Terrifier 2 resulta em desserviço.
A trama parte de um amontado de desenhos perturbadores criados um personagem que, no passado, teve lá sua importância e parecia profetizar parte do terror destilado no filme. Sob os cuidados da opressora mãe Bárbara (Sarah Voigt), Siena (Lauren LaVera) vive os pequenos dissabores de verificar estranhos traços de comportamento no irmão menor, Jonathan (Eliott Fullan).
Com uma carga pesada de tinta vermelha (que simula sangue), o departamento de arte do filme deve ter sido sobrecarregado, uma vez que o longa deixa evidente a duração excessiva. Posto num triturador, o enredo de Terrifier 2 acusaria toda a sorte de fragmentos de clássicos que ele perpetua, de Sexta-Feira 13 a It, passando por Halloween. Visualmente bem-resolvida a personagem de Amelie McLain (uma palhaça-mirim) é das poucas coisas toleráveis no filme, que acusa hiato de talentos, visto que só os figurinos de Olga Turka são dignos de nota. Carregando, por toda a trajetória, um saco de lixo preto repleto de ferramentas de tortura, Art deveria, de verdade, encarar sua falta de valor e habitar o tal invólucro preto. Misturando registro de comidas asquerosas e dores de mutilações, num ambiente degradante, Terrifier 2 abraça uma desgraçada corrente de violência depressiva.
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