Crítica // Irmãos de honra ###
Baseada tanto em fatos históricos quanto num livro de autoria de Adam Makos, a primeira produção de vulto a cargo do diretor J.D. Dillard, Irmãos de honra parece um cruzamento entre tramas inspiradoras (e descritas ad nauseam pelo cinema), sob moldes de Estrelas além do tempo (2016) e Top Gun: Maverick (2022). O próprio título do livro de Makos entrega, sem grandes novidades, toda a ação a ser vista, chama-se Devoção: Uma épica história de heroísmo, fraternidade e sacrifício, tendo sido publicado há sete anos.
Bastante reconhecido, como Kang, o Conquistador, na série da Marvel Loki, e ainda astro de Lovecraft country (2020), Jonathan Majors encarna, no novo longa, a figura do piloto Jesse Brown, popularizado nos anos 1950, durante o decorrer em que os norte-americanos chamam de A Guerra Esquecida — ou seja, a Guerra da Coreia. Até a triste celebração da condecoração com a Medalha de Honra, a memória de Brown (integrante do esquadrão VF-32) como pioneiro piloto de origem afro-americana a se aventurar no manejo de caças da Marinha norte-americana é emoldurada de forma eficiente pelo roteiro dos estreantes Jake Crane e Jonathan Stewart. Os grandes momentos de drama cercam a personagem de Christina Jackson, Daisy, a dedicada esposa de Brown.
Inspirador também é o papel de Glen Powell, que vive Tom Hudner, aliado incondicional de Jesse Brown. Repleto de dilemas profissionais, cravejados pelo peso da intolerância, Brown se torna comovente, especialmente nas cenas em que conversa no espelho, espantando as barbaridades de preconceitos coletadas nas falas de terceiros.
Com bastante aplicação de recursos de computação gráfica, num contraponto ao que foi alardeado no recente sucesso de Tom Cruise (Top Gun: Maverick), Irmãos de honra se ressente de uma fotografia exageradamente apoiada em tons escuros, num trabalho do diretor de fotografia Erik Messerschmidt (vencedor do Oscar, em 2021, por Mank). Sem tratar de etarismo ou decadência, temas para o recente Top Gun, Irmãos de honra se debruça sobre o cotidiano dos homens presos a porta-aviões e ainda nos preparativos de entrosamento junto a aviões como o Corsair e o MIG-15. Nisso, a missão é cumprida pelo filme com enorme competência.
Além da rede de desastres, diante dos testes com aeronaves de combatentes, pesa a emotividade na trama do filme que traça jornada de autoafirmação para o protagonista, posto à prova por abjeta realidade racista. Alguns destaques, entre os coadjuvantes são Nick Hargrove, na pele de Carol Mohring, um dos companheiros de Brown e Serinda Swan, no papel de ninguém mais ninguém menos do que a estrela Elizabeth Taylor, presença luminosa numa praia em Cannes e numa festinha privada, em cassino francês.
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