Se é ouvindo a terapia do som que faz bem, BaianaSystem é a cura de muitos problemas. A arte da banda de Salvador, uma mistura da guitarra baiana com o grave da cultura sound system, chega a Brasília hoje no BudX, a partir das 14h, em pique de Copa do Mundo.
Ouvir música é um ato simbólico de identificação com as representações de estilos de vida, de visões de mundo e de valores sociais presentes nas canções. Um grande destaque no panorama atual da música do Brasil acerca dessa ideia é o BaianaSystem, que, desde o começo da carreira, tornou-se figurinha carimbada dos festivais do Brasil e também de Brasília. Em todas as passagens pela capital, foram em momentos cruciais do cenário político.
"A gente sabe que tem toda uma questão de política envolvida, e até pensei nisso, porque toda vez em que tocamos aí tem um fato acontecendo: o primeiro show grande que a gente fez justamente aí em Brasília, em 2010. Nos anos seguintes, em festivais daí a gente presenciou as mudanças de perto. Como a votação do impeachment, das eleições de 2018 e por aí vai", afirma Beto Barreto, responsável pela guitarra baiana.
Baile de Máscaras
Enquanto a rítmica oferece novas possibilidades à herança musical da Bahia, no campo imagético é feito o mesmo com símbolos da cultura local. Afinal, com o desafio de se constituir como um projeto de arte contemporânea, o BaianaSystem sempre visou manter a padronização da identidade visual, seja nos trabalhos audiovisuais quanto em show, como o uso das máscaras distribuídas para o público e uma certa reapropriação das cores tradicionalmente brasileiras.
"Esse envolvimento estético é uma coisa estrutural da banda. Isso é sensitivo ao que vem acontecendo e de como isso vai transformando a arte e impregnando automaticamente o público. Então eu acho que essas cores vão sendo usadas dessa forma como uma pincelada de coisas para que vá mudando a comunicação e o entendimento, seja solar ou mais denso, depende do que buscamos nos posicionar."
O repertório faz parte da turnê Sulamericano: Brasiliana e com a presença de Claudia Manzo, compositora e instrumentista chilena. A expectativa do evento é a catarse que faz dessa banda ser um novo clássico da música brasileira. Para Beto Barreto, o público é sempre receptivo por ter uma perspectiva mais profunda da proposta da banda.
"A gente tem uma relação com o público incrível aí porque de alguma forma esse público vem com esse peso simbólico muito forte, de entender nossa discografia ao vivo. A relação criada com Brasília é muito bacana porque é o lugar ali na região centro-oeste que a gente consegue estabelecer talvez a relação mais forte. E agora a gente volta com essa sensação de um respiro novamente, né? Vai ser um show para celebrar!".
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
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