Artes Cênicas

Ópera de Verdi ganha montagem brasiliense no Teatro Levino de Alcântara

Ópera 'O Rigoletto' ocupa o palco do Teatro Levino de Alcântara com montagem adaptada à realidade brasileira

Nahima Maciel
postado em 11/11/2022 06:00
 (crédito: Fotos: Renata Oliveira/Divulgação)
(crédito: Fotos: Renata Oliveira/Divulgação)

Quando Giuseppe Verdi criou a música de O Rigoletto, a ideia era falar de uma sociedade decadente e prepotente. No palco, o bobo da corte é atingido por uma maldição que acaba por transformá-lo em vítima de um meio alimentado por ele mesmo. Na versão da diretora Hyandra Ello para a montagem brasiliense, a história italiana foi transposta para o interior do Brasil em uma montagem que tem o barítono Licio Bruno no papel principal.

Encenada até dia 15 de novembro no Teatro Levino de Alcântara da Escola de Música de Brasília (EMB), a ópera se passa em uma cidade seca e árida, com clima desértico e em meio a uma população mergulhada na precariedade. "O enredo é muito contemporâneo no que diz respeito às atitudes dos personagens, que são corruptos e corruptíveis", avisa Hyandra. "Todos têm falhas de índole. A ópera estreou em 1951, mas fala sobre coisas muito atuais como machismo, corrupção, soberba, violência contra a mulher. E a gente coloca uma lupa nesses personagens."

A diretora acredita que será fácil para o público associar a história ao momento atual. "São coisas que são tão antigas e que a gente ainda vive", lamenta. Na versão brasileira, o Rigoletto é um ajudante de ordens de um poderoso que controla como pode os habitantes de uma cidade do interior. Não há abundância nesse entorno — ao contrário do libreto original, que se passa em salões de palácios nobres — e a precariedade é marca dos cidadãos submetidos à arbitrariedade de um único homem. "A ópera faz uma crítica ao poder estabelecido numa Itália ainda medieval, feudal, onde o homem tudo pode e a mulher pouco ou nada pode", explica Licio Bruno.

Dividida em três atos, a ópera tem desfechos que desembocam em sequestro, vingança e tragédia, com algumas árias bastante conhecidas, como La donna é móbile. "A música do Verdi é sombria para essa história, é uma música que talvez seja uma música que demonstra também uma modificação na maneira do Verdi compor, ele já entra com novas ferramentas musicais dentro do contexto da ópera. O cromatismo que está começando a entrar em voga, a modulação para tons afastados, e uma série de técnicas que trazem a música e a ópera para um contexto dramático muito mais coeso e mais contínuo", avisa Bruno.

Serviço

Rigoletto, uma ópera de Verdi
De sábado (12/11) até 15 de novembro, às 19h, no Teatro Levino de Alcântara, na Escola de Música de Brasília (602 Sul). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). À venda em http://hl.art.br/bilheteria/. Não recomendado para menores de 14 anos.

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