Cinema

Com ares de novela, 'Nada é por acaso' descuida da linguagem de cinema

Trama impulsionada por valores fraternais e por entendimento social traz boas performances de Rafael Cardoso e Giovanna Lancellotti

Ricardo Daehn
postado em 04/11/2022 06:00
'Nada é por acaso' traz um casal interpretado por Giovanna Lancellotti e Rafael Cardoso -  (crédito:  Pedro F. Rodriguez/Divulgação)
'Nada é por acaso' traz um casal interpretado por Giovanna Lancellotti e Rafael Cardoso - (crédito: Pedro F. Rodriguez/Divulgação)

Crítica // Nada é por acaso ##

Mais associado a filmes com conteúdo infantil e ainda com comédias, o diretor de cinema Márcio Trigo comanda a primeira adaptação de um texto de Zibia Gasparetto para as telas de cinema. Numa escolha pouco prudente, a produção optou por um roteiro assinado por Audemir Luzinger e Claudio Torres Gonzaga, também com carreiras associadas a comédias populares e pouca projeção no terreno mais adulto.

Quem puxa o enredo de estrutura muito complexa é Marina (personagem de Giovanna Lancellotti). Depois de uma misteriosa viagem para Londres, ela busca reestruturar a vida, ao lado do irmão e da mãe. Marina enfrenta barreiras na dificultosa relação íntima com um terapeuta disposto a instrumentalizar a sua felicidade. Rafael Cardoso é quem dá vida ao personagem, também chamado Rafael. Com a carreira profissional em alto foco extremado, a protagonista ignora certos sentimentos de culpa associados à existência de Maria Eugênia (Mika Guluzian) que, casada com Henrique (Tiago Luz), exalta um valor muito particular: "Minha família é tudo para mim".

Agente complicador, numa realidade de reencontros dos personagens, Pierre é interpretado por Fernando Alves Pinto (Terra estrangeira). Muito sigilo é multiplicado pelas vidas de todos, atopetadas de fraquezas. Curioso é que, repleto de serenidade e entendimento, o longa Nada é por acaso chegue junto ao desentendimento estimulado por facção de brasileiros. No lugar da frieza e da covardia de alguns personagens, paulatinamente, o enredo revitaliza existências dos personagens dispostos num tabuleiro em que pesam desprendimento, mobilização por ajuda e por fortalecimento de amizades. Ao final, o filme, na teia de reconciliação proposta, aponta para sábios valores de perdão, agradecimento e entendimento. Uma simplória, mas digna, realização em cinema.

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