Após estrear, em maio deste ano, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, e cumprir turnê nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo, o musical Céu estrelado desembarca neste final de semana na capital. As apresentações acontecem até domingo, no CCBB Brasília, após a temporada ter que ser adiada em função de alguns atores do elenco terem testado positivo para a covid-19. Os ingressos custam a partir de R$ 30 e podem ser adquiridos diretamente na bilheteria do CCBB Brasília ou pelo site bb.com.br/cultura.
Idealizado por Gustavo Nunes, com texto de Carla Faour, direção de Viniciús Arneiro e João Fonseca e direção musical de Tony Lucchesi, Céu estrelado conta a história de Antônia, interpretada pela cantora Juliana Linhares, que se muda da cidade fictícia Carneirinhos para o Rio de Janeiro, em busca de uma carreira musical, após uma briga com o pai, seu Cris, interpretado por Bruno Garcia.
Depois de alguns anos, Antônia volta à cidade para participar da festa de Santo Antônio na fazenda onde a sua família mora. Acompanhada do namorado estrangeiro, Johnny, interpretado por Hamilton Dias, ela reencontra, além de seu pai, um antigo amor, sua irmã e a faz tudo da fazenda. O elenco ainda conta com a participação de Daniel Carneiro, Dani Câmara e Natasha Jascalevich.
A protagonista, Juliana Linhares, comenta que a sua história e a da personagem Antônia se assemelham. "Quando eu vi essa oportunidade, pensei: 'tem muito a ver comigo'. Sou de Natal e saí de lá para ir ao Rio estudar música. A personagem sai de uma cidade do interior justamente para o Rio, e levar a vida como cantora. Quando vi o teste pensei que tinha tudo a ver comigo!", compartilha Juliana, que participou de outros três musicais: Gabriela, Ópera do malandro e A hora da estrela, inspirada no romance de Clarice Lispector, como Macabéa.
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Gustavo Nunes, idealizador do musical, conta que sempre teve vontade de retratar o tema da migração nos palcos, que ele próprio saiu do Rio Grande do Sul em direção ao Rio, há 20 anos. Segundo ele, a partir do tema definido foram escolhidas as músicas. "Lembrei do cancioneiro popular que tem essa questão de origem enquanto brasileiro, então achei que caberia juntar essas músicas, que poderiam casar com uma história como essa".
O espetáculo apresenta, ao todo, 23 canções, acompanhadas pelo o violão ao vivo e cantadas pelos seis atores em cena. Dentre as músicas, estão sucesso de Maria Bethânia, Chico César, Jovelina Pérola Negra, Lô Borges, Milton Nascimento, Djavan, Gilberto Gil, Zezé Di Camargo e Luciano e Almir Sater.
Responsável por dar vida ao seu Cris, Bruno Garcia, ganhador do Troféu Nelson Rodrigues de 2016, ressalta que a peça ainda faz referência à degradação do meio ambiente e à importância de um olhar afetuoso à mãe natureza. "Acredito que o nome céu estrelado faz referência ao céu magnífico que belamente temos sobre as nossas cabeças, para qual não estamos mais olhando. O Brasil virou uma nação que só olha para baixo, que só olha para si mesmo, que só olha para a terra no intuito de arrancar os seus recursos, sem nenhum controle, sem nenhuma fiscalização. Vivemos um momento de crise ideal, moral e de caráter", critica.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira