Crítica // Segredos em família **
Para quem criar expectativas, com previsão de um misto entre os clássicos O iluminado e a obra-prima Teorema, no filme de estreia de Jorge Riquelme Serrano, Segredos em família, sobrará desapontamento. As ações de uma família comandam a ação do filme: no meio do nada, em terras chilenas, alguns querem instaurar um hotel. Na trama, há a presença de predadores sexuais e de um imponente empregado chamado Nicolás (Nicolás Zarate), num roteiro que revela ganância, incalculável cinismo e desgastes mentais de alguns dos familiares.
Enquanto maquinam uma realidade para serem vistos como "irrepreensíveis", como o genro Alejandro destaca, o casal Dolores e Antonio (os veteranos Patrícia García e Alfredo Castro) luta para renovar vantagens aristocráticas e perpetuar falsas aparências. Com eles, a filha Ana (Millaray Lobos) e os netos desalinham afetos, expõem perversões e sofrem com revoltantes fragilidades.
O roteiro do longa do cineasta estreante Serrano (que assina ainda com a edição), cocriado por Nicolás Diodovich, propõe a se ater à observação. Os atores se esforçam para encobrir a falta de nuance do conjunto. Ofensas, revoltas e gestos inexplicáveis despontam sem razão aparente. Entre empilhamento de insatisfações e de temas frouxos, a hipocrisia encobre o eixo da fita apoiada em uma repulsiva realidade de exploração sexual. É de embrulhar o estômago.
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