Música

Caetano Veloso volta à estrada com a turnê de 'Meu coco' depois de hiato

Estrela baiana volta a se apresentar na cidade com a turnê 'Meu coco', em que também canta sucessos da carreira

Gênio das artes brasileiras, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso há dois meses completou 80 anos. Em plena atividade, tem elaborado projetos, composto canções, gravado discos e apresentado shows. Depois de breve interrupção ele está de volta à estrada com a turnê de Meu coco — nome também do álbum que lançou em outubro de 2022.

O espetáculo que foi visto em Brasília em 18 de junho último, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, está de volta àquele palco hoje, às 21h. O eterno tropicalista tem em sua companhia a banda formada por Lucas Nunes (violão e guitarra), Alberto Continentino (baixo), Rodrigo Tavares (teclados), Kainã de Jêje (bateria e percussão) e Thiago da Serrinha (percussão).

Para Meu coco, Caetano criou um repertório em que músicas do disco homônimo como a faixa título, Anjos tronchos, Não vou deixar, Ciclâmem do Líbano e Enzo Gabriel estão lado a lado com clássicos de sua obra. Logo na abertura do show ouve-se Avarandado, de o Domingo, o LP de 1967, que o cantor gravou com Gal Costa — o primeiro de ambos.

Saiba Mais

Ao revisitar sua discografia, ele trouxe de lá pra o set list, Sampa, Muito romântico (composta para Roberto Carlos), Cajuína, O Leãozinho, Lua de São Jorge, You don't know me, Menino do Rio (gravada originalmente por Baby do Brasil), a tropicalista Baby, Odara e Reconvexo, com a qual o compositor reverencia a mãe Dona Canô. Há ainda as menos conhecidas — mas igualmente importantes — A outra banda da terra, Araçá azul, Itapoã e Mansidão.

Caetano comemorou os 80 anos em 7 de agosto com um elogiadíssimo show-live — com a presença de plateia —, que teve a participação dos filhos Moreno, Zeca e Tom e da irmã Maria Bethânia. Marcou a data, também, o lançamento de livros como Outras palavras, do jornalista carioca Tom Cardoso,lançamento da editora Record, que focaliza facetas diversas de Caetano: o santo-amarense, o polêmico, o líder, o vanguardista, o amante e o político.

Pela niteroiense Máquina de Livros saiu Lado C, dos pesquisadores Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, que narram a sonoridade buscada por Caetano desde o início da carreira, com destaque para virada radical, em 2006, com a Banda Cê, power trio formado por jovens músicos. Ao lado deles, no período de 10 anos, lançou três discos de canções inéditas, outros três gravados ao vivo e rodou o Brasil com grandes turnês.

Sobre o conceito da turnê

Trecho do ensaio escrito por Caetano Veloso sobre a gravação do álbum Meu coco, que dá nome ao show que o cantor e compositor baiano faz hoje em Brasília.

"Muitas vezes sinto que já fiz canções demais. Falta rigor? Negligência crítica? Deve ser. Mas acontece que desde a infância amo canções populares inclusive por fácil proliferação. Quem gosta de canções gosta de quantidade. Do rádio da meninice, passando pela TV Record e a MTV dos começos, até a TVZ do canal Multishow de agora, encanta-me a a multiplicidade de pequenas peças cantadas, mesmo que elas surgem a um tempo redundantes e caóticos. Há nove anos que não lanço um álbum com canções inéditas.

No final de 2019, tive um desejo intenso de gravar coisas novas e minhas. Tudo partiu de uma batida de violão que me pareceu esboçar algo que (se eu realizasse como sonhava) soaria original a qualquer ouvido em qualquer lugar do mundo. Meu coco, a canção, nasceu disso e ei trazendo sobre o esboço rítmico uma melodia em que se a história, a escolha de nomes para mulheres brasileiras, cortava uma batida de samba em células simplificadas.

...Passou-se mais de ano e eu, tendo composto canções que pareciam nascer de Meu coco, precisei começar a gravar em estúdio caseiro. Chamei Lucas Nunes para começar os trabalhos. Ele é muito musical e também capaz de comandar uma mesa de gravação."

Saiba Mais