Crítica

Cenas de ação e confusões dão o tom de 'Super quem?'

Longa de Philippe Lacheau engendra sucessão de cenas de ação bem resolvidas e confusões em comédia sobre ator que acredita demais no próprio talento

Ricardo Daehn
postado em 28/10/2022 06:00
 (crédito:  Paris Filmes/Divulgação)
(crédito: Paris Filmes/Divulgação)

O ator e diretor Philippe Lacheau pode ter até feito um filme cômico que referenda o Brasil (Babá fora de controle: operação Brasil, de 2015), mas, verdade seja dita, por aqui ele nunca foi popular. É a partir das engrenagens de gags e paródias que Lacheau persegue a popularidade, na mais nova produção, Super quem?. O longa se atém aos percalços da realização de um longa-metragem que aglomera problemas na produção. Tudo é desculpa para colocar em quadro bem resolvidas cenas de ação, mas também o empilhado de confusões criados no filme que tem, na gênese e no estágio caótico, uma amalucada produtora.

Cédric (vivido pelo também diretor Philippe Lacheau) é um ator que acredita demais no talento, mesmo que seja ofuscado pelo influente pai, o delegado Michel (Jean-Hugues Anglade) e pela irmã dele, enamorada da disciplina militar. Uma mudança de curso na carreira de artista se aproxima, quando Cédric se submete aos testes para assumir um personagem icônico: Badman, que mescla elementos dos filmes de ação da Marvel e da DC.

Cercar a trajetória do justiceiro mascarado levará Cédric a se embananar, entre realidade e ficção. Enveredando pelo besteirol, Philippe Lacheau traz um amontoado de referências gráficas que compreendem a torta dança na escadaria vista em Coringa, o beijo de ponta-cabeça do filme do Homem-Aranha e uma cretina, mas hilária, brincadeira de um dos personagens que tem sérios problemas com as escolhas sexuais da mãe.

Além da boa participação de Tarek Boudali, no papel do irritante Adam, o filme traz uma homenagem ao astro Alain Delon, decalcado no enredo como Alain Belmont (Georges Corraface), um insuportável companheiro de cena de Cédric. O enredo ganha proporções mais originais, depois do apagão na memória do ator que passa a tentar reverter uma realidade (que, no fundo, jé está adulterada).

Por vezes, dono de um humor cafona — caso das troças com Tom Cruise e a série de missões impossíveis e ainda de uma inócua cena que brinca com o reverso de blackface —, Lacheau é feliz ao pisar num terreno de humor crítico, desde a denúncia de cunho sexual, no parquinho, até a citação de perseguição a imigrantes, e ainda quando traceja breve humor com a questão do etarismo (candente para o personagem de Anglade).

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