Cidade de belos cartões postais, Brasília é muito conhecida pelos pontos turísticos. No entanto, para além dos monumentos a céu aberto, os restaurantes do quadradinho também são uma ótima representação da cultura brasiliense. Atendendo todas as gerações de moradores da capital, os principais pontos gastronômicos mostram a identidade própria de Brasília.
É o caso do Roma, inaugurado alguns dias antes da cidade, em 1960. "O Roma cresceu com Brasília, se adaptou ao gosto do brasiliense e é um restaurante que, até hoje, é frequentado por várias gerações", afirma ngela Pitel, que, desde 2020, assumiu a direção do restaurante do pai, Simon Pitel. O local, um dos mais visitados da W3 Sul, conta com funcionários que têm mais de 40 anos de casa e colecionam inúmeras histórias e memórias da capital.
Assim como o Roma, o Beirute é um dos restaurantes mais antigos de Brasília ainda em atividade. O local foi inaugurado nas vésperas do sexto aniversário da cidade e, desde então, se tornou ponto de parada obrigatório para os brasilienses e turistas. "Brasília é uma cidade única, não só pela própria arquitetura, mas também por reunir gente de diferentes culturas. O Beirute acaba aglutinando essa diversidade de culturas", avalia Francisco Emílio, sócio-proprietário do local.
Aberto desde a década de 1970, o Palhoça também é um dos principais destaques da capital. "É um dos primeiros restaurantes de carne de sol em Brasília. Por ser um dos mais antigos da cidade e por termos a cultura nordestina na casa, ficamos felizes de poder servir. Clientes de 40 anos atrás, que vinham e traziam os filhos, agora estão trazendo os netos", conta Jorge Eustáquio Oliveira, um dos sócios do restaurante.
Relembrando os grandes clássicos da culinária brasiliense, o Divirta-se mais indica seis pontos gastronômicos da capital que fazem parte da história da cidade.
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Em novo endereço
Um dos principais destinos gastronômicos da capital, o Bar Brasília agora atende no Aeroporto diariamente, trazendo a proposta de sucesso do cardápio original, como o arroz de bacalhau e o de polvo. A história da casa começa em 2001, com Jorge Ferreira, e desde então segue como um refúgio para políticos e artistas locais. "O bar exala cultura, entre seus frequentadores, intelectuais, artistas, profissionais liberais, funcionários públicos, e uma variedade enorme de cabeças pensantes de todos os gêneros", conta Mauro Calichman, diretor executivo do restaurante.
O menu foi repaginado pelo chef, e colaborador de longa data, Ville Della Penna, contando atualmente com algumas novidades, mas mantendo a valorização das riquezas da região. "Tudo que é feito no restaurante é de produtor local, valorizando o ingrediente e ios fornecedores locais", diz Penna.
O destaque do chef do Bar Brasília é o arroz de costela (R$ 56), que conta, ainda, com condimentos, rúcula e ovo no preparo. Outro que vale a pena conferir é a porchetta a pururuca
(R$ 50), que, como explica o chef, "sai muito e tem o diferencial de ser curada antes de ser assada". Nas contas acima de R$ 100, cinco horas de estacionamento no local saem por R$ 10.
Sabor bem nordestino
O Palhoça é considerado um dos pioneiros da comida nordestina no Distrito Federal. Fundado em 1978, pelo casal Maria de Lurdes e Nilo Salvino Leite, o restaurante deu os primeiros passos como um quiosque até, hoje, se tornar um dos principais destinos da carne de sol do Nordeste. "Mantemos a casa simples, mas sempre primamos pelo nosso atendimento. Procuramos ser o melhor possível, a um preço acessível e com comida feita com muito carinho", conta Jorge Eustáquio Oliveira, um dos sócios do restaurante.
O carro-chefe do Palhoça é a carne de sol (R$ 139,90, serve quatro pessoas), servida com arroz, feijão, mandioca, paçoca e queijo de manteiga ou coalho, e a isca de peixe (R$ 60). No entanto, o visitante pode saborear outros pratos típicos nordestinos, como buchada de cabrito, a galinha cabidela e dourada no molho ou frita.
Com gostinho uruguaio
Conhecida como a casa brasiliense da parrilla uruguaia, o Figueira da Villa, inaugurado em 2007, está sob nova direção e conta com o chef pernambucano Valentim Ferraz. No novo menu, a inovação e a alta gastronomia andam de mãos dadas. "Trouxe uma pegada contemporânea, com pratos inovadores, mantendo a tradição uruguaia, que é o forte da casa, mas trazendo o que há de novo no mercado."
O destino é um dos marcos da Vila Planalto, estando "ao redor" de uma árvore figueira de mais de 30 anos. "Quem é antigo na Vila Planalto sabe o quanto esse restaurante teve e tem história para contar", elogia o chef.
Ferraz compôs o cardápio unindo a própria história aos também consagrados pratos do Figueira. "O ancho a moda santos (R$ 89,90), que é o corte ancho especial, defumado na parrilla, acompanhado de ovo da gema mole, farofa de castanha, arroz cremoso de gorgonzola e batata rústica; remonta a minha trajetória pessoal, com elementos da minha infância, mas adaptando para o melhor corte uruguaio, o ancho."
Outro destaque é o camarão figueira (R$ 69,90), preparado no vinho, com os acompanhamentos de arroz cremoso de queijo e coberto por batata palha. "O camarão fica marinando por 12h no vinho branco, passamos especiarias e uma massa crocante e leva três tipos de molhos diferentes: a geleia de pimenta biquinho, que remete ao Nordeste; a geleia de abacaxi, cítrica; e a geleia agridoce", finaliza.
Os encantos do Calaf
Boteco, restaurante espanhol, balada. O Calaf, um dos espaços mais versáteis e tradicionais de Brasília, abrange todas essas definições. O local surgiu em 1990, fruto do sonho de Venceslau Calaf, e, atualmente, é gerenciado pela filha Priscila. "Aqui, todo mundo se encontra", afirma Priscila. O local é tão simbólico para a capital federal que, ao fechar temporariamente por quatro meses devido aos impactos da pandemia, causou comoção entre todas as gerações.
Trazendo para o público brasiliense o melhor da cozinha espanhola com toque brasileiro, um dos carros-chefe do Calaf é a paella valenciana (R$ 140, para duas pessoas). "É a receita da família da minha avó", explica Priscila. "Tem cliente que pede essa paella todos os anos, no aniversário, há 32 anos", complementa. Como petisco para os que procuram o local para tomar uma cerveja ou um drink, o quibe do Calaf é um clássico. "Ele despontou em 2001 como um sucesso das rodas de samba. Até hoje, as rodadas de quibe e outros salgados deixam os clientes com água na boca", garante.
União de culturas
"A gente é uma casa de comida árabe que tem as características da culinária nacional", define Francisco Emílio sobre o Beirute. Desde 1996, o restaurante, que traz o melhor da cozinha árabe para o brasiliense, é conhecido por unir e agradar públicos de todos os tipos e idades, colecionando clientes fiéis.
Tradicional prato da casa, o filé à parmegiana (R$ 68,40), acompanhado por arroz branco e fritas ou purê de batata, é o mais pedido pelo público. "O nosso parmegiana tem a cara da família", pondera Emílio.
Outro clássico do restaurante é o quibe recheado denominado kibeirute. "Ele representa bem a mistura entre as cozinhas árabe e brasileira, porque é um quibe com queijo, adaptação feita pelo Beirute", explica. "As pessoas costumam falar que o kibeirute é um prato que tem a cara de Brasília", complementa. Para os vegetarianos, o kibeirute de berinjela (R$ 35,90), acompanhado por coalhada e tabule, é a opção ideal.
Também parte da história brasiliense, o Beirute Norte, considerado o "filho caçula" da casa, completa 15 anos amanhã, com direito a comemoração com chorinho ao vivo e programação infantil.
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*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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